77
começa a alvorada como se houvesse outras mais
irá florir a ameixoeira na varanda
e a indestrutível batata-doce
perdi um amigo
talvez dois
desencontrámo-nos, quebranto de encruzilhada
ou por simples fastio
é verdade que não sou íntegro
nem honesto, caio por pouco sem ninguém saber
para fugir à dor na estrada desavinda
por um afago de mão enganada na barriga
mas hoje imponho-me a alegria da rectidão
arrumei a roupa e tomei banho
saio sem pecado para o conhecimento da manhã
aonde quer que me leve
João Almeida, Um milagre no caminho,
Lisboa, Averno, Maio de 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário