Era uma vez um homem que tinha um cão. Quando passeava no bosque o cão trotava atrás dele. Ouvia-lhe o ruído das patas sobre as folhas o ruído da sua respiração. Um dia o cão morreu. O homem comprou outro cão. Como o anterior o novo cão trotava atrás dele. Ouvia-lhe o ruído das patas sobre as folhas o ruído da sua respiração. E lembrava-se do outro cão. Mas um dia também esse cão morreu. De novo o homem comprou outro cão. Como os anteriores também este trotava atrás dele. Ouvia-lhe o ruído das patas sobre as folhas o ruído da sua respiração. E lembrava-se dos outros cães. Por fim não foi preciso comprar mais nenhum cão. Para onde fosse uma matilha seguia-o. Mais tarde nem era preciso já ir passear para o bosque.
Ana Hatherly, 463 Tisanas,
Lisboa, Quimera, 2006
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