quinta-feira, 13 de maio de 2010

P de Primavera (XI)

primavera primeira


estremeço desde o princípio do meu rosto
desde o momento em que sorri e me sorriram
e é nesse lugar ínfimo que suspendo todas as palavras
que fecho os olhos e sinto a frescura de todas as águas
o oceano que cessa e atende o esvoaçar da primavera

é a primeira primavera de todos os outonos
é aqui que em silêncio se bordam os calendários
dias entre dias e sobre dias e as memórias que escapam
e não mais se alcançam se não nos tornarmos menores
- no futuro não há edquecimento nem segredos
cada coração guarda apenas o que for mais comum.


Vasco Gato, Um Mover de Mão,
Lisboa: Assírio & Alvim, 2000

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