BORBOLETAS
No centro dos nossos pratos de papas de aveia
Havia uma borboleta azul pintada
E todas as manhãs víamos quem conseguia chegar primeiro à borboleta.
Depois a Avó dizia: «Não comam a pobre borboleta.»
Isso fazia-nos rir.
Ela dizia-o sempre e começávamos sempre a rir.
Parecia uma brincadeirazinha tão terna.
Eu tinha a certeza de que uma bela manhã
As borboletas sairiam a voar dos nossos pratos
Rindo com o mais diminuto riso do mundo
E pousariam na touca da Avó.
- "Três poemas Katherine Mansfield traduzidos por Inês Dias
com um desenho de Daniela Gomes", in TELHADOS DE VIDRO n.º 21,
Lisboa, Averno, 2016
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