[17/10/10]
Pela manhã o gato estende-se
vagaroso nesse impreciso lugar
em que luz e sombra
se entretecem. Nas pedras
rondantes do que sempre
chamámos
a nossa casa, esse sonho
de
irmos por detrás das janelas
encarcerados nas agrestes
paredes do amor.
Todas as manhãs, enquanto
a escola me espera, o
gato é tão certo como os passos
que dele se desviam. Um mero
olhar, a melancolia
de depois te dizer já sem o mesmo encanto
a sua negra quietude, o silêncio
em que se move.
Estamos todos, eu tu e o gato,
neste estranho sossego
de a morte ser um dia destes,
entre luz e sombra.
encarcerados nas agrestes
paredes do amor.
Todas as manhãs, enquanto
a escola me espera, o
gato é tão certo como os passos
que dele se desviam. Um mero
olhar, a melancolia
de depois te dizer já sem o mesmo encanto
a sua negra quietude, o silêncio
em que se move.
Estamos todos, eu tu e o gato,
neste estranho sossego
de a morte ser um dia destes,
entre luz e sombra.
Manuel de Freitas, Todos contentes e eu também,
Porto:
Campo das Letras, 2000
1 comentário:
Self-portait with a lovely beast? Não sei, mas é como se tôdalas casas de Lisboa se pusessem a cantar WEINEN, KLAGEN, SORGEN, ZAGEN (BWV 12), a cantata preferida do felino B.
M.
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