Há dias em que poderia jurar que
estão tristes os olhos do meu gato,
mas não, é apenas a melancolia
ilícita que o meu devaneio lhes empresta.
Os gatos tristes, se é que os houve,
morreram talvez num Inverno fugaz e antigo.
E, no fundo, acabo por gostar mais deste.
É por desrazões semelhantes que se escreve
um poema, essa coisa singela
absoluta em frivolidade.
Manuel de Freitas, Levar Caminho I,
Lisboa: Averno, 2022
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