quinta-feira, 30 de maio de 2013

O de "O tempo passa como cinza branda"


CEMITÉRIO INGLÊS


a Álvaro García



Escuta a reza suspensa da cigarra,
a oração do cipreste no seu voo esguio,
o silêncio devoto da cal e do muro
abraçando-se sedentos às plantas.

Aqui há náufragos do mar e da vida,
poetas, párias, amantes que tentaram
deter a brevidade das violetas,
juntos para sempre osso com osso.

O céu explode neste dia de agosto.
Riem as dálias e ouve-se o rumor
da estrada próxima.

Um banco à sombra, a madeira húmida, os pássaros.
Pensas em qual será o teu lugar no mundo.
Continua a rezar por ti a cigarra.



María Paz Moreno, Invernadero,
Sevilha: Renacimiento, 2007

[Trad. ID]
 

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