O cão que persegue os pássaros não sabe
que nunca vai voar,
nem a encrespada onda que atingia a tua imensa
altura de criança conhecia
o seu destino de charco desfeito pelo vento.
E aquela nuvem também não
acordará inquieta, a meio da noite,
receando a chuva caída sobre os campos,
nem o pintassilgo que esculpe os seus sons de prata
nos muros do ar
se queima na cinza do seu próprio cantar.
Mas eu sei, quase nasci a saber,
que um dia não estarei sobre o teu coração
para compreender tudo.
Ángel Mendoza
in Criatura n.º 6, trad. Inês Dias,
Núcleo Autónomo Calíope / Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, 2011
[ID, 'A perspectiva da morte', 14/06/016]
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