domingo, 25 de julho de 2010

A de À falta de mar (II)

ATLANTIC


No guardanapo,
a negro, o nome do oceano

em algum dia em algum
segmento perdido do tempo

haveria de ter o Atlântico
por detrás de uma janela
como se fosse a montra de
nenhum outro bar

onda atrás de onda
e quando soprasse a nortada
e o vidro se confundisse
com os cristais do sal

círculo ao redor do copo

o oceano era a palavra que
levava aos lábios.


João Miguel Fernandes Jorge,
Invisíveis Correntes, Lisboa: Relógio D’Água, 2004

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