Tenho uma grande novidade triste a anunciar-te: estou morto.
[...]
Peço-te desculpa. Foi para pedir desculpa que fiz o estranho esforço de aparecer. A poesia é parecida com a morte. Conheço o seu olhar azul. Dá náuseas. Esta náusea de arquitecto sempre a implicar com o vazio, aí tens o que é próprio do poeta. O verdadeiro poeta é, como nós, invisível aos vivos. Só este privilégio o distingue dos outros. Não tresvaria: conta. Mas anda numa areia movediça, e às vezes a sua perna afunda-se tanto que chega até nós.
Jean Cocteau, "Visita"
in Visão Invisível, Lisboa: Assírio & Alvim, 2005
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