PALAVRAS COM ÁGUA
A chuva gosta de escrever. Imprime as suas obras sobre o vidro das janelas, na carroçaria dos automóveis. E quando cai sobre um papel ouve-se o ruído de prazer com que o pisa. Sabe traçar uma fenda na superfície, como fazia a velha tipografia, depois arredonda-a. E, sobretudo, se houver algo de escrito, desbota-o até conseguir apagá-lo. O que a chuva escreve prevalece sobre qualquer tinta. E no dia seguinte, quando o papel tiver secado, ficam gravados os seus sinais, uma iconografia quase cuneiforme que é secreta e que é também para sempre.
[Trad. ID]
[ID | Coimbra, 13/05/12]
2 comentários:
Tão estranho! ...e tão evocativo!
Inês, se clicares no meu ícone podes ver os meus blogues... Boa noite (podes nem pôr este "comentário", que o não é... ;)
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