E LUCEVAN LE STELLE
Para o meu avô,
os verdes na banca eram o real,
sem regresso ou poesia,
e a expansão acabara de novo
ali, no Cais da Ribeira,
quando a amada partira,
levando-lhe no nome a liberdade.A tristeza tinha horas tão marcadas
que lhe tingiam os dedos,
portões que só se abriam
para as estrelas sempre acordadas
da mesma música: e nunca amei tanto
a vida, chorava em repetição.
Enquanto a felicidade boiava na praia,
à distância de um dia de verão
e de uma corda segura
por quem não sabia sequer nadar.
Inês Dias, In Situ,
Lisboa: Língua Morta, 2012
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