Perdi a caneta
de tinta eterna
no teu cabelo.
O Adamastor lá estava, no relvado,
onde mais duma vez nós conversámos
a contemplar o rio com desencanto.
A caneta perdida impedia-me de escrever
quanto te amo e odeio
como se ardesse a frio num incêndio.
A côr da friagem na minha barba hirsuta
toldada de brancura e nevoeiro:
é a velhice magra que me espreita, atenta
à caneta perdida em teu cabelo.
António Barahona, Pátria Minha,
Lisboa: Averno, 2014
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