Conservo dos jardins da cidade a impressão dum calor abafado, mornaço, duma sombra fechada, dum silêncio religioso e dum passarinho a cantar... Esta solidão com árvores abandonadas (eu ando sempre na ponta dos pés dentro dos grandes jardins, porque comunica logo comigo uma alma estranha ali encantada e presente) fixou-se-me para o resto da vida. As casas são sempre as mesmas casas, os homens são sempre os mesmos homens de toda a parte. Os jardins não.
Raul Brandão, As Ilhas Desconhecidas - Notas e Paisagens,
Açores: Artes e Letras, Setembro de 2009, pp.228 e 229
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