TEMPO
I
Enquanto dormes
as estações passam
sobre a montanha.
A neve no alto
fundindo-se dá vida
ao vento:
atrás da casa o prado fala,
a luz
bebe os vestígios de chuva nos caminhos.
Enquanto dormes
anos de sol passam
entre as copas dos lariços
e as nuvens.
II
Posso colher junquilhos
enquanto dormes
porque sei onde crescem.
E que a minha verdadeira casa
com as suas portas e as suas pedras
fique distante,
que nunca mais a encontre,
mas continue errando
pelos bosques
eternamente -
enquanto dormes
e os junquilhos crescem
sem trégua.
Antonia Pozzi, Morte de uma Estação,
com sel., trad. e capa de Inês Dias,
prefácio de José Carlos Soares e posfácio de Matteo M. Vecchio,
Lisboa: Averno, 2012
[ID, Jardim Botânico da Ajuda, 03/12/011]
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