domingo, 19 de fevereiro de 2012

A DOR
[Jardins da Gulbenkian, 1926]


Para o Alexandre e o Diogo



A dor tem afinal memória.
Guardámos-lhe as promessas
quebradas, o sangue cosido,
todos os passos no mapa do tesouro
que nos trouxe a esta tarde.

E o mapa pode até ser falso
ou a luz demasiado pobre,
que não nos voltaremos a perder
assim: aprendemos a traficar
o caminho a três vozes,
deixando os nossos mortos
e ruínas a marcar cada encruzilhada.

Basta agora escolher
um horizonte, abrir as mãos,
evitar as pontes do hábito.
Será uma estrada nova,
nossa. Chegaremos então.



ID

3 comentários:

sem-se-ver disse...

há fenómenos na blogosfera que nao compreendo - como este seu, magnifico, blog, não ter comentários.

fica cá este, como prova da minha admiração por aquilo que constrói aqui.

ID disse...

Obrigada :)
Um beijo.

Anónimo disse...

Eu leio muito este blog em silêncio.