"Café-creme com travo de desânimo,
já provei", disse Deus.
"Como as horas de neura, que suporto,
ou não tivesse andado já para aí
a apanhar as beatas da existência.
O absurdo, às vezes, impacienta-me:
em que rails de que metro
encontra Deus,
dentes e rótula inidentificáveis?
A alva cheira a teia fresca.
A música é mais barata do que o vinho.
Chamam-me por socorro:
um assassino encarniça-se
sobre o orvalho."
Alain Bosquet, O Tormento de Deus,
trad. Jorge Guimarães,
Lisboa: Quetzal Editores, 1992
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