A MINHA IRMÃ
era chuva e cascata do beiral.
Aumentava o volume para não ouvir os passos
cansados no corredor.
Ela sabia correr e encher de ar os seus pulmões,
mergulhar quatro metros abaixo de água
até obter importantes troféus de bronze.
Uma vez pensei no perigoso que era suster tantos minutos a respiração,
cheguei a acreditar que desapareceria para sempre.
Vivia a ilusão do não regresso: afundar-se abaixo do nível,
alguns centímetros abaixo do nível. Ninguém se sente bem na tempestade sempre.
Para permanecer é necessária a descida.
Jeannette Lozano (trad. Inês Dias)
in Telhados de Vidro n.º 19, Lisboa, Averno, Maio 2014
[Imogen Cunningham, "Aiko's hands", 1971]
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