ENVELOPE PARDO
O doente não é apenas seu corpo
mas as paredes que o cercam
a mosca que nelas pousa
São os vincos no lençol
a luz coada pela cortina
a mão que se lava
O doente é o gato no jardim
o vendedor de ervas
a prece escorrendo longe
E também o lanche antes da visita
as cifras no prontuário
o nome e o preço dos remédios
a cor da tinta
com que se assina a receita
É por fim a chuva insistente
a televisão desligada
o jornal se acumulando
a comida que sobra na geladeira
os óculos ociosos
a dentadura entregue num envelope pardo
- Fabio Weintraub, Baque
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