quinta-feira, 15 de setembro de 2011

P de Poética (VII)

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Músculos tensos, grito parado, a inquirição prossegue por entre camadas de angústica cerrada. Fura, brita, escava, alonga túneis por onde avança o corpo cercado. Por vezes tem a espessura de montanhas, muros sobre muros que não acabam. Outras abre-se inesperadamente em naves onde o eco é mais largo e o som ampliado vibra a ilusão da interminável viagem. Uma a uma, as palavras emergem da pedra informe, brilham contra o aço quente das brocas. Agarra-as com as mãos feridas, confunde-as com o tacto, mistura-as com o sangue, enquanto a tinta regista a negro o seu traçado. Há quem lhe chame poesia. Eu só lhe posso chamar combate. *


Jorge Roque in Telhados de Vidro n.º15,
Lisboa: Averno, Junho 2011

* V de Vida

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