LANDOWSKA, 1947
para o José Carlos de Almeida Gonçalves
Não tenho o disco, nem é isso,
certamente, o que mais importa.
Na sua casa em desordem
ouvi pela primeira vez o jovem
e depois menos jovem canadiano,
enquanto os gatos chegavam
e tinham quase o mesmo nome.
O Sérgio, no quarto ao lado, morria
sem saber, após ter fotografado
o que nem sonhamos arte.
Por ela, a de pequenas mãos,
chamou Vanda à primeira filha.
Sente agora mais próximo
o Inverno. Cuida dos cavalos,
sorri, deita-se à sombra dos livros.
Mas os gatos – os que chegavam
e partiam – diriam melhor a alegria,
a tristeza grande (Capriccio sopra
la lontananza) que insiste
em afastar-nos de uma lágrima comum.
Manuel de Freitas, Büchlein für Johann Sebastian Bach,
Lisboa: Assírio & Alvim, 2003
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