CÃO
[Jardim das Colónias, 1906]
Para a Rebeca,
primeira e única
Não quero mais Oriente.
Cansei-me do amanhecer com a sua urgência gasta
de partir, buscar, perder.
Troquei-o pela certeza
nocturna do teu regresso,o ângulo previsível dessa mão
descendo sobre o meu pêlo sempre frio
como uma casa pousada no Inverno.
Quero um tempo com segredo,
bailarina de saia esfarrapadanuma caixinha de música
que só tu possas abrir
e sentir ternura pela morte,
a única separação que nunca me ensinaste.
Inês Dias, In Situ,
Lisboa: Língua Morta, 2012
2 comentários:
Gosto muito! Posso divulgar? (Com a identificação da autoria, evidentemente.)
Claro que sim :)
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