(a mancha)
agora é a noite é quase noite / à hora em que vieres eu estarei acordada porque a estação é imensa e vou poder dizer-te o que quiseres oh fixa bem, oh fica bem, fica ao pé assim deitado mais para mim é quase noite e dou-te a ti o que guardei de dia aquela mancha no céu mais acima no céu aquela a outra isso a que ilumina mas eu não oh digas antes que ilumino pouco agora é quase noite é a noite seco limo verde azul por aí são esses tons os meus sob a onda estão lá bi...chos é a multidão mas o que quero é que tu oiças mesmo isto que é eu puxo eu vou eu vivo eu fico eu vim cheguei a crescer vou crescer muito também minguar / seria uma árvore e o meu corpo ainda seria duro e a voz dura e o leito frio / é quase noite vês aquela mancha
(...)
(a voz)
eu puxo eu vivo sou a registante das noites e dos dias vividos e vou poder dizer-te o que quiseres à hora em que vieres e bastará que arranhes eu estarei acordada ou te agaches ou me invoques eu estarei acordada ou me invoques qualquer coisa há-de servir para eu lembrar porque a estação é imensa as noites longas os dias grandes e eu estou cá. Ouves também.
Álvaro Lapa, Barulheira
& etc, 1982
& etc, 1982
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