Tenho medidos os dias a cigarros, rápidos e imprecisos,
fumados até ao litoral dos teus olhos. Continuo...
no mesmo sítio de sempre, devolvendo
às cadeiras o sorriso emprestado pela familiaridade
dos seus gestos tão pouco poéticos.
Tenho acertado os dias pelos copos e agora
estão - ou estarei eu? - vazios. Vai-me pedindo
mais uma cerveja, que eu vou convocar
certos demónios no espelho da casa de banho e, depois,
beber um pouco de água opaca, lavar bem as mãos, secá-las
e regressar à mesa quatro minutos menos feliz.
Não morras nunca, digo-te, acrescentando logo a seguir
que, mesmo assim, não quero falar da morte,
muito embora - desculpa-me a insistência -
o teu cabelo hoje me pareça mais preto que nunca.
Sorris.
É o que me vale, sabes sempre sorrir tão bem.
David Teles Pereira
in Criatura, n.º 4 (Dezembro 2009)
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