CLICHÉ
Não é que seja o momento para trocar
cartões-de-visita. José Maria da Silva,
fotógrafo profissional com estúdio em Lisboa,
tem por hábito mudar-se para a vila da Ericeira
na época balnear. Ainda está por aqui
no dia 5 de Outubro. Um notável testemunho
(gelatina e sais de prata, memória pronta e fiel)
que, com sorte, há-de chegar à Ilustração
Portuguesa. Além disso, uma kodak não tropeça
em estrangeirismos, ornatos de sabor clássico,
no jeito francês da frase, nos defeitos da sintaxe.
José Maria da Silva, fotógrafo profissional,
passa o resto da tarde com um nervoso
miudinho. Até revelar as chapas. Olhem bem
para estas caras, estas formas do passado. Nada mau
para seres humanos. Pode dizer-se que sim.
Vítor Nogueira, Quem diremos nós que viva? (Averno)
1 comentário:
É mais fácil de ler do que de dizer, mas será sempre, ó Vítor, um poema do camandro. Só foi pena não teres estado lá.
Beijos e abraços ao cavernoso núcleo duro e ao senhor autor
M.
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