[...]
O poeta e o leitor sabem que este caminho até ao crescimento interior passa por uma aproximação à lucidez, à verdade. Trata-se de fazer frente à desordem, à dor, ao mal, de maneira a que fique iluminado - como o pão de Dalí naquele quadro que é um dos melhores deste pintor - com uma claridade que por si só já consola. Uma claridade que - misteriosamente - permite viver sem necessidade de esquecer. Este é, para mim, o território da poesia, porque esta iluminação é a que o poema proporciona. Este é o objectivo, tanto de quem escreve como de quem lê poesia: alcançar cada um a sua própria maneira de fazer frente à solidão.
Joan Margarit, Nuevas cartas a un joven poeta,
Barcelona: Barril Barral, 2009
Sem comentários:
Enviar um comentário