Talvez o poema de que me lembro mais vezes ao longo das semanas:
“Are others happier?”
para a Helena Gaspar
Quando se sentam a ler
nos grandes átrios da noite
entre mil luzes, jogos de água,
escadas que rolam ainda
sob cúpulas de betão –
são mais felizes?
Quando saem do trabalho
acossados pelo vento
de meados de Fevereiro
e é sempre segunda-feira
nas paragens do eléctrico –
são mais felizes?
Quando se cruzam connosco
no remanso dos jardins
e encontram outro caminho
de mistério, de desejo
na nossa imaginação –
são mais felizes?
Quando os vemos mais
pequenos, muito ao longe,
nas esplanadas sobre o mar
e por momentos nos lembram
que tudo se há-de perder –
são mais felizes?
Rui Pires Cabral
in Oráculos de Cabeceira (Averno)
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