AS MINHAS ESTÁTUAS
Tenho as minhas estátuas. Os séculos legaram-mas: os séculos da minha espera, os séculos dos meus desencorajamentos, os séculos da minha indefinida, insufocável esperança fizeram-nas. E aí estão elas agora.
Como antigas ruínas, já nem sempre sei o que representam.
A sua origem é-me desconhecida e perde-se na noite da minha vida, onde apenas as suas formas foram preservadas do inexorável apagamento.
Mas aí estão elas, e todos os anos o seu mármore endurece, embranquecendo sobre o fundo obscuro das massas esquecidas.
- Henri Michaux,
Épreuves, exorcismes, 1940-1944
[Trad. ID]
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