[...] "Faz com que eu seja sempre um poeta obscuro." Mas na adolescência uma vontade crescia em mim: ser alguém com uma arma na mão, ter o amor dos outros. Inocência, pois as armas são perigosas, e o amor vira-se contra nós. Anos depois contemplava a bela frase, a humildade ardente dessa frase, e concluía que os caminhos do orgulho, que me haviam conduzido até ela, eram a minha solitária arma e a maneira de antecipar com vitoriosa alegria as várias mortes dos meus vários anos. Bem. Tenho algumas prateleiras com livros, meia dúzia de quadros e desenhos, uma dezena de discos. O quarto pode ficar subitamente cheio. [...]
Herberto Helder, Os Passos em Volta,
9ª ed., Lisboa: Assírio & Alvim, 2006
9ª ed., Lisboa: Assírio & Alvim, 2006
1 comentário:
(...)"Obscuros somos sempre, mesmo sem pedi-lo. Grande vitória que ninguém nos poderá arrebatar."(...)
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