SEXTA-FEIRA
para o Manuel e a Inês
Um vidro com anúncios, dão-se explicações
sob varandas esfoladas de onde ninguém
nos acena. Lisboa, as pequenas praças
de empedrado incerto, quando saímos
de um café e pensamos: olha, já escureceu.
As manobras difíceis dos autocarros
de sexta, o fruto não apetecido de Novembro
na mercearia que a mesma tristeza oprime
desde a década de 50. À volta, os muitos filhos
da realidade ilustram os trabalhos outonais,
sombrios, inexpressivos figurantes do erro,
da repetição. Sentimos que não podemos
continuar – mas continuamos. E à noite talvez
venha por nós, de mãos mais frias, a poesia.
sob varandas esfoladas de onde ninguém
nos acena. Lisboa, as pequenas praças
de empedrado incerto, quando saímos
de um café e pensamos: olha, já escureceu.
As manobras difíceis dos autocarros
de sexta, o fruto não apetecido de Novembro
na mercearia que a mesma tristeza oprime
desde a década de 50. À volta, os muitos filhos
da realidade ilustram os trabalhos outonais,
sombrios, inexpressivos figurantes do erro,
da repetição. Sentimos que não podemos
continuar – mas continuamos. E à noite talvez
venha por nós, de mãos mais frias, a poesia.
Rui Pires Cabral, Longe da Aldeia (Averno)
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