Quantas palavras para completar o silêncio? Quantas folhas? Quantos cadernos? Quantos armários para os arrumar? Quantos aniversários? (o jantar no restaurante, o esforço de um sorriso a maquilhar a angústia, quantos anos tenho?, e contudo por dentro, o silêncio a doer, quantos anos faço?) Quantos verões? Quantos invernos? (os dias junto à janela onde a água escorre, os dias sucessivos, uma manhã um intervalo de sol, uma flor soerguida entre as ervas, sorri?, e saber que é outro verão que chega, outro inverno que nele se prepara) Quanto tempo?
- Jorge Roque, O chão serviu-lhe de céu (1999)
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