Faz bom tempo. O ar está lavado, claro. Ao sol, as casas surgem nítidas, separadas. Agora, sempre que faz bom tempo, a angústia torna-me. Sinto uma espécie de impossível e débil reconhecimento em relação não sei a quê. Tudo parece longínquo, fora do meu alcance. Muito altas no céu, nuvens e um pouco de bruma. Tenho medo e confiança ao mesmo tempo. Preciso de respirar. Andorinhas. Um avião. Queria partir para qualquer lado. Perto ou longe. Para um sítio onde estivesse só e me sentisse bem, pudesse dormir de olhos abertos, sentir o ar fresco nas mãos, no rosto. Uma pausa na inquietação. A paz.
Ernesto Sampaio, Fernanda (Fenda)
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