domingo, 22 de julho de 2012

B de Balada para un loco (II)


O MEU SOBRINHO MANOLO




A tristeza às vezes visitava-lhe o entusiasmo
e o fogo apagava-se e já nada lhe fervia
aos oitenta graus que o levavam pelo mundo.
Tinha os olhos como duas brasas, como duas catapultas,
e o seu sorriso era capaz de hipnotizar um anjo.
Parecia estar sempre a acordar
e sempre prestes a mostrar-nos a aurora.
Mas um dia esqueceu-se de tudo
e decidiu fugir para onde os sonhos lhe sorrissem
e não o ameaçassem, onde não se chamassem loucura,
essa desdita dura e bela de uma certa idade.
E enforcou-se numa árvore para voar mais alto e mais livre.

 
Antonio Hernández
[Trad. ID]

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