sexta-feira, 15 de junho de 2012

E de "É assim que se faz a História. Sem palavras a mais." (XXIX)

A SAQUE E A SANGUE


Na minha cidade a saque e a sangue
um grilo sacana canta e não canta
um grilo couraçado, desesperado
dentro da gaiola, pequena garganta

*

Conheço estas vozes que cheiram a tabaco
e dizem e dizem a saque e a sangue
a missão do poeta na miséria dos tempos:
Construir uma Rosa, suicidar-se estanque
   
ou viver pesaroso, fumador de navios,
ou vampiro feliz na encruzilhada dos rios


António Barahona
in Grifo (1970)

1 comentário:

Odracir disse...

Este tempo adivinha terramotos (António, dixit)