sexta-feira, 5 de outubro de 2012

L de Longe da aldeia - b

ROBERT WALSER
 
 
 
De sapatos novos,
aí vai o sacristão,
como se resplandecesse o dia,
e o jardineiro
varre o caminho de saibro
como se alisasse
a memória,
mas não irão pôr ordem
no tempo antes do inverno,
lançam os iscos
ao ar e dizem
que os pássaros são peixes.
 
Regressas,
mais pesado,
às casas que nunca
partilharam contigo
uma infância,
 
na aldeia
ninguém te conhece
 
no olho
da betoneira
giram os céus
dilacerados.
 
 
Jürg Beeler
[Trad. João Barrento]
 

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