Que faria se hoje fosse professor de Filosofia?
Jean-Paul Sartre: Perguntaria aos estudantes de que é que gostariam que falássemos e se queriam que eu estivesse presente. Caso não quisessem no curso, não o faria. Apoiá-los-ia totalmente na sua luta. Procuraria, sobretudo, fazer o que eles já não conseguem devido ao isolamento a que foram votados: explicar para o exterior que não pequenos-burgueses niilistas, mas, simplesmente, jovens prestes a cair na armadilha e que recusam um ensino de molde a realizar homens servis. Explicaria também o sentido profundo da manobra Faure: substituir a ditadura dos pequenos régulos do saber, professores acomodados à sombra dum poder caduco, por uma aparente ligação de disciplinas e por um trabalho colectivo, ilusões cuidadosamente acarinhadas para esconder a "modernização" da Universidade em função doss monopólios capitalistas cujas exigências, anónimas, ao nível de região e de nação, já não aparecem como interesses privados, mas como a ditadura da "razão".
In Juventude e Contestação,
Lisboa: Publicações D. Quixote, 1969
3 comentários:
tenho o livro, acreditas?! ;))
Comprei-o ontem, em 2ª mão.
Mas não sei se teríamos uma juventude capaz de um Maio como o de 68.
Parecem-me tempos semelhantes como uma esquina: mas enquanto nos anos sessenta o paraíso parecia estar ao virar dela, hoje parece ser o inferno. Parece-me que mais que correr para o paraíso as pessoas fogem do inferno. Mas acreditemos!...
Bj
Enviar um comentário