"[...] Depois vai para a janela espreitar a chegada da cheia, pensando que ela não atingirá o terceiro andar. Vê uma onda de lama a encher a rua com a violência e a rapidez de uma manada. As águas uivam como um animal. Levam tudo à frente. Depois, escoam-se. O que Mateus presencia é um deserto, uma coisa parada após um grande fulgor. Parece-lhe que a natureza falara com ele, dando-lhe a entender que a casa onde ele habita está protegida por uma felicidade incompreensível."
Jaime Rocha, A Rapariga Sem Carne,
Lisboa: Relógio D'Água, 2012
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