terça-feira, 18 de dezembro de 2012

REGRESSO
 
 
 
As estátuas foram as primeiras a partir. Depois
foi a vez das árvores, dos homens, dos animais. O local
tornou-se deserto. Não havia senão vento.
Jornais e lixo corriam pelas ruas.
À noite, as lâmpadas acendiam-se sozinhas.
Um homem chegou, deitou um olhar em redor,
tirou uma chave, enterrou-a no chão
como se a devolvesse a qualquer mão subterrânea
ou plantasse uma árvore. Depois ergueu-se, subiu
a escadaria de mármore e demoradamente olhou a cidade.
Uma a uma, com parcimónia, as estátuas regressaram.
 
 
Yannis Ritsos traduzido por Eugénio de Andrade
in Trocar de Rosa, Lisboa: Na Regra do Jogo, 1980
 
 
 


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