[Sintra/Outubro 09 - e hoje, amanhã e depois de amanhã]
sábado, 30 de outubro de 2010
B de Biorritmo (XXXVIII)
"[...]
Então vem, eu quero abraçar você
Seu poder vem do sol
Minha medida
[...]"
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
P de (Um Ano de) Pássaros (XVIII)
A ÚLTIMA NOITE DA TERRA
O melro de todos os anos voltou a visitar a minha casa
mas eu permaneço aqui.
A sua música não muda, já o escrevi.
No entanto o meu trabalho é constatar o óbvio
e isso é o que o melro me vem recordar.
O tempo passa, as pessoas envelhecem, morrem
pela sua própria mão ou com ajuda.
As palavras vão descendo pelo escoadouro
do que alguém chamou a intra-história.
Tudo flui e perde-se, os rios no mar,
o mar na imensidão inabarcável do cosmos,
o cosmos no nada de onde não deveria ter saído.
Entretanto vamos dando às teclas.
Um tamborilar contra séculos de morte programada
e um futuro de certeira incerteza.
Um batalhão de patéticos amanuenses do esquecimento
exigindo duas camisas para o caminho até ao patíbulo.
O frio não é porém o problema, antes o medo.
E é o melro, na sua ignorância, quem conhece a verdade.
Cumpre sem a mínima estridência
o ritual que a biologia lhe impôs.
E de súbito morrerá. Sem epitáfios, como este,
que hão-de desfazer-se com uma careta indiferente
entre as chamas da última noite da Terra,
quando já ninguém reconhecerá qualquer significado,
se é que algo alguma vez teve significado.
O melro de todos os anos voltou a visitar a minha casa
mas eu permaneço aqui.
A sua música não muda, já o escrevi.
No entanto o meu trabalho é constatar o óbvio
e isso é o que o melro me vem recordar.
O tempo passa, as pessoas envelhecem, morrem
pela sua própria mão ou com ajuda.
As palavras vão descendo pelo escoadouro
do que alguém chamou a intra-história.
Tudo flui e perde-se, os rios no mar,
o mar na imensidão inabarcável do cosmos,
o cosmos no nada de onde não deveria ter saído.
Entretanto vamos dando às teclas.
Um tamborilar contra séculos de morte programada
e um futuro de certeira incerteza.
Um batalhão de patéticos amanuenses do esquecimento
exigindo duas camisas para o caminho até ao patíbulo.
O frio não é porém o problema, antes o medo.
E é o melro, na sua ignorância, quem conhece a verdade.
Cumpre sem a mínima estridência
o ritual que a biologia lhe impôs.
E de súbito morrerá. Sem epitáfios, como este,
que hão-de desfazer-se com uma careta indiferente
entre as chamas da última noite da Terra,
quando já ninguém reconhecerá qualquer significado,
se é que algo alguma vez teve significado.
Roger Wolfe
in CRIATURA nº5
(tradução de Luís Filipe Parrado)
in CRIATURA nº5
(tradução de Luís Filipe Parrado)
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
A de Alegoria da Cave
FEIRA DO LIVRO - EDIÇÕES AVERNO
Livros manuseados a 2 euros
28 Outubro (5ªf), a partir das 22h30,
BAR NA CAVE
(R. Imprensa Nacional, 116b, cave do restaurante BS)
terça-feira, 26 de outubro de 2010
F de Fazer Fotografia (XXIII)
III
O meu poema é uma écloga
fechada num quarto cheio de borboletas
e esta mulher sólida e pacífica
que modela no lume esculturas frias
O meu poema não é um poema
mas apenas transposição de ver,
por exemplo, agora, o espanhol que viaja há três anos
a dormir em cemitérios
O meu poema é olhar,
velar a técnica,
fotografar as mãos para acender a luz
Um dia serei eu próprio o meu poema
com dentes de perdiz em tempo de caça
fugitivo
sensitivo
procurador
extintor de sono
O meu poema é uma écloga
fechada num quarto cheio de borboletas
e esta mulher sólida e pacífica
que modela no lume esculturas frias
O meu poema não é um poema
mas apenas transposição de ver,
por exemplo, agora, o espanhol que viaja há três anos
a dormir em cemitérios
O meu poema é olhar,
velar a técnica,
fotografar as mãos para acender a luz
Um dia serei eu próprio o meu poema
com dentes de perdiz em tempo de caça
fugitivo
sensitivo
procurador
extintor de sono
Muhammad Abdur Rashid Ashraf (António Barahona)
in Criatura, nº 5
domingo, 24 de outubro de 2010
F de Fazer Fotografia (XXII)
CLICHÉ
Não é que seja o momento para trocar
cartões-de-visita. José Maria da Silva,
fotógrafo profissional com estúdio em Lisboa,
tem por hábito mudar-se para a vila da Ericeira
na época balnear. Ainda está por aqui
no dia 5 de Outubro. Um notável testemunho
(gelatina e sais de prata, memória pronta e fiel)
que, com sorte, há-de chegar à Ilustração
Portuguesa. Além disso, uma kodak não tropeça
em estrangeirismos, ornatos de sabor clássico,
no jeito francês da frase, nos defeitos da sintaxe.
José Maria da Silva, fotógrafo profissional,
passa o resto da tarde com um nervoso
miudinho. Até revelar as chapas. Olhem bem
para estas caras, estas formas do passado. Nada mau
para seres humanos. Pode dizer-se que sim.
Vítor Nogueira, Quem diremos nós que viva? (Averno)
sábado, 23 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
O de Outono (III)
Para o Mané,
que tem de ensinar aos pobres adultos
onde é que as folhas das árvores estão durante o Outono
terça-feira, 19 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
domingo, 17 de outubro de 2010
S de Solidão (ou C de Comunidade) IV
Que tristeza. O dia levanta-se. Retida pelo sono e pelo sonho, ainda penso que posso viver sem ter que satisfazer as minhas necessidades imediatas. Mas é domingo, dia em que a nostalgia começa ao entardecer, quando sei que amanhã devo levantar-me em perfeita contradição com o tempo. O tempo assusta-se, talvez, eu vou desempenhar o meu papel de mulher que trabalha. […] Se não fosse a imposição do trabalho, muito raramente estaria com outras pessoas, e só em condições especiais. Cada um devia partir para seu lado e canto, durante anos de solidão, ou seja, durante o tempo necessário de fazer outros tipos de conhecimento. É preciso ter outras relações, as relações entre os homens são de matéria plástica, opaca, violenta. O olho vê apenas outro olho; o dente esbarra com outro doente.
Mas hoje ainda é domingo, ainda é manhã escura em que poderei continuar a ser terna com quem está aqui na casa, sem necessária aparência de homem, e com raro espírito de ver.
Mas hoje ainda é domingo, ainda é manhã escura em que poderei continuar a ser terna com quem está aqui na casa, sem necessária aparência de homem, e com raro espírito de ver.
Maria Gabriela Llansol, UM ARCO SINGULAR – Livro de Horas II,
Assírio & Alvim, p.146
Assírio & Alvim, p.146
sábado, 16 de outubro de 2010
B de Biorritmo (XXXVII)
"[...] I'll love you 'til the bluebells/ Forget to bloom/ I'll love you 'til the clover/ Has lost it's perfume/ And I'll love you 'til the poets/ Run out of rhyme."
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
M de Museu Imaginário (XIb)
Há aqui tapeçarias, Abelone, tapeçarias. Imagino que tu estás aqui; são seis tapeçarias; anda, vamos vê-las devagar. Mas primeiro recua um pouco e vê-as todas a um tempo. Que tranquilas, não é verdade? São pouco variadas. É sempre esta ilha oval e azul, flutuando sobre o fundo discretamente vermelho, que é florido e habitado de pequenos animais ocupados consigo mesmos. Só acolá, na última tapeçaria, é que a ilha sobe um pouco, como se se tivesse tornado mais leve. Traz sobre ela sempre uma figura, uma mulher, de trajo diferente, mas sempre a mesma. Por vezes, há a seu lado uma figura mais pequena, uma serva, e há sempre os dois animais heráldicos, grandes, também sobre a ilha, também dentro da acção. À esquerda, um leão, e à direita, de cor clara, o licorne; seguram estandartes iguais, ao alto, acima deles; três luas de prata, subindo, em banda azul sobre fundo vermelho. – Já viste? Queres começar pela primeira?
Rainer Maria Rilke, Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, trad. Paulo Quintela
[Obrigada, Sandra]
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
P de (Um Ano de) Pássaros (XIV)
Tenho afeição pelo estorninho, se bem
Que não aprove inteiramente os seus
Costumes. Ave proletária,
Nidifica em recessos e buracos, suja tudo
E por vezes deixa os ovos
Onde calha – no relvado da frente, por exemplo.
Ele julga que também sabe cantar. Na Primavera
Estão em todos os telhados, nos altos ramos
Ou nos postes telegráficos, num chinfrim
De notas dissonantes, repetindo os clichés
Dos outros melodistas.
Mas vai a Trafalgar Square
E demora-te, pela tardinha, nos degraus da
igreja de St. Martin;
Vê-os, lá no alto,
Os estorninhos, antes do recolher, numa revoada –
Centenas deles, a girar,
A pairar, a dançar, e todo o sonoro bando
Volteia como um único pássaro: uma imagem
Intuída da cidade.
Que não aprove inteiramente os seus
Costumes. Ave proletária,
Nidifica em recessos e buracos, suja tudo
E por vezes deixa os ovos
Onde calha – no relvado da frente, por exemplo.
Ele julga que também sabe cantar. Na Primavera
Estão em todos os telhados, nos altos ramos
Ou nos postes telegráficos, num chinfrim
De notas dissonantes, repetindo os clichés
Dos outros melodistas.
Mas vai a Trafalgar Square
E demora-te, pela tardinha, nos degraus da
igreja de St. Martin;
Vê-os, lá no alto,
Os estorninhos, antes do recolher, numa revoada –
Centenas deles, a girar,
A pairar, a dançar, e todo o sonoro bando
Volteia como um único pássaro: uma imagem
Intuída da cidade.
JOHN HEATH-STUBBS, “The Starling”
in On Wings of Song, Everyman’s Library, 2000.
[Tradução de RPC]
in On Wings of Song, Everyman’s Library, 2000.
[Tradução de RPC]
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
S de Sete rosas mais tarde
Quem arranca de noite o coração do peito deseja a rosa.
Pertencem-lhe a sua folha e o seu espinho.
A esse põe ela a luz no prato,
com o seu sopro enche-lhe os copos,
só para ele sussurram as sombras do amor.
Quem arranca de noite o coração do peito e o arremessa ao alto:
não falha o alvo,
apedreja a pedra,
a esse bate-lhe o sangue fora do relógio,
o tempo faz-lhe soar na mão a sua hora:
pode brincar com bolas mais bonitas
e falar de ti e de mim.
Pertencem-lhe a sua folha e o seu espinho.
A esse põe ela a luz no prato,
com o seu sopro enche-lhe os copos,
só para ele sussurram as sombras do amor.
Quem arranca de noite o coração do peito e o arremessa ao alto:
não falha o alvo,
apedreja a pedra,
a esse bate-lhe o sangue fora do relógio,
o tempo faz-lhe soar na mão a sua hora:
pode brincar com bolas mais bonitas
e falar de ti e de mim.
Paul Celan
sábado, 9 de outubro de 2010
S de S.T.T.L.
li algures que o gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?
e então indago de mim se eu próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?
os grandes animais selvagens extinguem-se na terra,
os grandes poemas desaparecem nas grandes línguas que desaparecem,
homens e mulheres perdem a aura
na usura,
na política,
no comércio,
na indústria,
dedos conexos, há dedos que se inspiram nos objectos à espera,
trémulos objectos entrando e saindo
dos dez tão poucos dedos para tantos
objectos do mundo
e o que há assim no mundo que responda à pergunta grega,
pode manter-se a paixão com fruta comida ainda viva,
e fazer depois com sal grosso uma canção curtida pelas cicatrizes,
palavra soprada a que forno com que fôlego,
que alguém perguntasse: tinha paixão?
afastem de mim a pimenta-do-reino, o gengibre, o cravo-da-índia,
ponham muito alto a música e que eu dance,
fluido, infindável,
apanhado por toda a luz antiga e moderna,
os cegos, os temperados, que não, que ao menos não me encontrasse a paixão e eu me perdesse nela
a paixão grega
- Herberto Helder
in A faca não corta o fogo, Assírio & Alvim
AQUI
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?
e então indago de mim se eu próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?
os grandes animais selvagens extinguem-se na terra,
os grandes poemas desaparecem nas grandes línguas que desaparecem,
homens e mulheres perdem a aura
na usura,
na política,
no comércio,
na indústria,
dedos conexos, há dedos que se inspiram nos objectos à espera,
trémulos objectos entrando e saindo
dos dez tão poucos dedos para tantos
objectos do mundo
e o que há assim no mundo que responda à pergunta grega,
pode manter-se a paixão com fruta comida ainda viva,
e fazer depois com sal grosso uma canção curtida pelas cicatrizes,
palavra soprada a que forno com que fôlego,
que alguém perguntasse: tinha paixão?
afastem de mim a pimenta-do-reino, o gengibre, o cravo-da-índia,
ponham muito alto a música e que eu dance,
fluido, infindável,
apanhado por toda a luz antiga e moderna,
os cegos, os temperados, que não, que ao menos não me encontrasse a paixão e eu me perdesse nela
a paixão grega
- Herberto Helder
in A faca não corta o fogo, Assírio & Alvim
AQUI
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
P de (The) Privacy of Rain (IV)
[Aconselha-se o visionamento das 4 partes seguidas, para ajudar a chuva a passar.]
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
B de Biorritmo (XXXV)
Passe a ironia:
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
David Mourão-Ferreira, "Casa",
cantado por Camané in Do amor e dos dias
O de Outono (II)
Las riendas de la vida cogí entre café y café para no quedarme dormido. El poder de la decisión, me dije. La elección moral y estelística que sea mía, que sólo yo sea dueño de mis actos y mis errores, mejor dicho, que sólo los errores que me incumban sean sólo míos sin interminables excusas ajenas. Pero soñaba, ya soñaba. Aquellos cafés no eran suficiente, mantenerme despierto después de toda aquella montaña de papeles amontonados, cosas que leer, textos que escribir, el horror sumergido en el fondo de todos aquellos informes. La vida me esperaba demasiado cargada de bombo, demasiado brava, me tomó por los pelos y me dejó allí a la deriva, medio muerto y ansiando los días refugiado tras los cristales mientras caía el otoño, o llegaba la primavera, vaya, lo mismo es, da igual, estaciones de tránsito, como mi vida, una vida de tránsito entre la obligación y la alegría del hombre libre.
Ignacio Escuín Borao, Habrá una vez un hombre libre
(Huacanamo)
domingo, 3 de outubro de 2010
H de "Hay que beber para recordar y comer para olvidar" (VII)
Um dos meus programas preferidos sobre cozinha:
A de Amor (V)
[Recomenda-se, em nota de rodapé, o documentário que Cédric Klapisch realizou sobre Aurélie Dupont e sobre a dança e a arte em geral e a busca da perfeição e a beleza e o ir mais longe e o entregar-se aos outros e... Chama-se "L'espace d'un instant". Eu também já fui assim; às vezes ainda me sinto assim, felizmente.]
T de Tratado de Pedagogia (XIII)
[…]
Outros, terão pago o luxo do alfabeto num bonito jardim-escola
Com jovens educadoras de infância muito viris e velhas doces
Entre o espanto de haver tantos meninos e o seu temor.
Vejam eu: encontrei o alfabeto na sopa. Em cada domingo
No jantar que se chamava ceia e identificava o domingo
A avó Tina, como num teatro, vinha do fundo da imensa cozinha
Altíssima e misteriosa no branco mágico de todos os dentes
Com o andar pautado de uma cerimónia bem estabelecida
E depunha ao centro da comprida mesa de trez tábuas de pinho
A terrina do pato branco grasnando de bico para mim.
Água, sal, um dente de alho, uma unha de banha, massinha de letras.
A receita mais sóbria para a única sopa sem odor.
O alho era tic apenas, uma vénia à rotina, uma malícia.
Era e não era uma sopa. Era uma iniciação à teoria extreme da forma.
Ao domingo, isto é, nesta sopa, a malga costumeira
Cuja borda estava no horizonte semanal do meu nariz
Dispunha a saia em roda como uma mulher de Buarcos
Virava prato de borda larga, côvo ranço do horizonte
E sobre ele descia a nave brilhante dos prodígios
Lenta como uma coisa com motor, não como se caísse.
A avó, de pé, servia-me a primeira e derradeira concha.
Sem sombra sem som sólida suave sem um salpico
A sopa decorria no prato roubando-lhe o fundo
Onde a maranha de sinais surgia subindo do poço
Prolongado desde mim até ao mais longe de mim
Num ponto que não acabava, nunca acaba, no sítio impossível
Onde origem e fim é igual, no lugar que persigo quando prossigo.
Claro que convenho: pedagogia versus didáctica!
Mas permanece a diferença e a diferença embaraça.
[…]
O que é a escrita? Arpoar baleias? Petiscar enfados?
Brincar laboriosamente com letras na borda do prato?
O aceitar regras transgredindo regras, criar regras
Recusar tudo no aceitar de tudo mas intervindo sempre
Com uma colher de obstinação, duas colheres de fome,
Trez colheres de desdéns?
Fotografia: Willy Ronis, 1946
Poema: João Pedro Grabato Dias, Facto-Fado (edição do autor)
sábado, 2 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
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