quinta-feira, 31 de março de 2011
C de Culinária Mediterrânea
EMENTA 27.03.11
Parábola da culinária mediterrânea
A poesia é como as ovas de ouriço-do-mar
sabe melhor com um pouco de acidez
David Teles Pereira
A poesia é como as ovas de ouriço-do-mar
sabe melhor com um pouco de acidez
David Teles Pereira
Entrada [Obrigada, Rui]:
Cogumelos com manteiga de ervas aromáticas e amêndoas
Espargos com molho de iogurte
Acompanha: Lenz Moser Prestige, 2007
Cogumelos com manteiga de ervas aromáticas e amêndoas
Espargos com molho de iogurte
Acompanha: Lenz Moser Prestige, 2007
Foto de RMR
Prato Principal [Obrigada, Maria Antónia]:
As melhores francesinhas do mundo
Acompanha: Koeher-Ruprecht, Riesling, 2007
Sobremesa [Obrigada, Miguel]:
Tarte de pêra
Acompanha: Averna e digestivos. E uma roda de amigos, e um gato de sono tranquilo, e muitas rosas amarelas.
Foto de Rui Miguel Ribeiro
S de Solidão (ou C de Comunidade) XIII
AMIGO
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta,
que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O’Neill,
in No Reino da Dinamarca
quarta-feira, 30 de março de 2011
P de (Dois Anos de) Pássaros (XXXIII)
PÁJARO
Escúchale, ya que no puedes verle
en la pineda oscura.
Lleva cantando un siglo
y ninguna palabra de las suyas
ha sido pronunciada
más alta que la otra. Así su música
el camino te enseñe hacia la sombra
que en la sombra tú buscas.
Andrés Trapiello, Habla y otros poemas,
col. "A Quien conmigo va", Sevilha: Renacimiento, 2003
(300 exs)
col. "A Quien conmigo va", Sevilha: Renacimiento, 2003
(300 exs)
terça-feira, 29 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
B de Biorritmo (LXVI)
What power art thou,
Who from below,
Hast made me rise,
Unwillingly and slow,
From beds of everlasting snow!
See'st thou not how stiff,
And wondrous old,
Far unfit to bear the bitter cold.
I can scarcely move,
Or draw my breath,
I can scarcely move,
Or draw my breath.
Let me, let me,
Let me, let me,
Freeze again...
Let me, let me,
Freeze again to death!
[Música de Henry Purcell / Letra de John Dryden]
domingo, 27 de março de 2011
P de (Dois Anos de) Pássaros (XXX)
Linhas no caminho para o lançamento de Linhas de Hartmann, ontem:
[Agradecemos que não atirem pedras às andorinhas; só à fotógrafa.]
Libellés :
"I'm building a still to slow down the time"
T de Tratado de Pedagogia (XXI)
Era a partir desta morna que eu costumava explicar a lírica camoniana aos meus alunos:
Oh camponesa formosa
De olhos gentis de matar
Vem clarear-me a tristeza
Vem clarear-me a tristeza
Com a luz do teu olhar
Mostra-me o trilho florido
Que ao teu afecto conduz
Dá-me o teu braço amorável
Dá-me o teu braço amorável
Sou um ceguinho sem luz
Tu que descalça e risonha
Percorres montes e vales
Deixa que eu siga os teus passos
Deixa que eu siga os teus passos
Deixa que esqueça os meus males
Leva-me assim pela mão
Lá pelos romances da serra
Tira-me tudo, a cidade
Tira-me tudo, a cidade
Que me entristece a terra
Quero ser para ti como Jacob a Raquel
Quero morrer a teus pés
Quero morrer a teus pés
Como teu cão mais fiel
Oh camponesa formosa
De olhos gentis de matar
Vem clarear-me a tristeza
Vem clarear-me a tristeza
Com a luz do teu olhar
Mostra-me o trilho florido
Que ao teu afecto conduz
Dá-me o teu braço amorável
Dá-me o teu braço amorável
Sou um ceguinho sem luz
Tu que descalça e risonha
Percorres montes e vales
Deixa que eu siga os teus passos
Deixa que eu siga os teus passos
Deixa que esqueça os meus males
Leva-me assim pela mão
Lá pelos romances da serra
Tira-me tudo, a cidade
Tira-me tudo, a cidade
Que me entristece a terra
Quero ser para ti como Jacob a Raquel
Quero morrer a teus pés
Quero morrer a teus pés
Como teu cão mais fiel
sábado, 26 de março de 2011
A de Aniversário (IV)
Some people become so expert at reading between the lines they don’t read the lines.
MARGARET MILLAR(5 de Fevereiro de 1915 - 26 de Março de 1994)
S de Santa Cruz
VIDA SOCIAL
Idealizavas uma solidão
de música e leitura,
de passeios de Inverno junto ao mar.
Mas a solidão
é a chuva que mancha os vidros
deste comboio dos anos.
A solidão é a palavra dura
do mau humor acre da família.
É a lei do acaso, obscura, injusta.
É não ter dinheiro. É ter medo.
É o sexo, uma estranha pista falsa
que leva até ao mais cruel dos espelhos.
É não ter desculpa pelo que não se viveu
nem esperança no que não se viverá.
Joan Margerit, Aguafuertes,
Sevilla: Renacimiento, 1998
[trad. ID]
sexta-feira, 25 de março de 2011
S de Solidão (ou C de Comunidade) X
MEMÓRIA DE JEAN COCTEAU
O amor está tão perto de ser ódio.
Não dispenso a cratera dos boémios,
onde se encontram místicos e génios
unidos ao distúrbio.
O ódio está tão perto do amor.
Não dispenso a cratera d'homens santos,
onde se encontram bons boémios bentos
bem unidos à dor.
Os extremos não se tocam: fundem--
-se até se tornarem num só traço,
muito cingido, em truculento abraço
d'infinita vertigem.
Dificuldade de ser: não mentir,
não escrever mais poemas, não falar;
apenas, ao de leve, expirar
e morrer a sorrir.
António Barahona, O Som do Sôpro,
Lisboa: Poesia Incompleta, 2011
Libellés :
"I'm building a still to slow down the time"
quinta-feira, 24 de março de 2011
P de (Dois Anos de) Pássaros (XXIX)
Uma pomba
alanceando a luz
isenta-se da terra;
sem prendê-la, sustém
a sombra que despiu
e voa livre sob ela.
alanceando a luz
isenta-se da terra;
sem prendê-la, sustém
a sombra que despiu
e voa livre sob ela.
José Bento, Sítios,
Lisboa: Assírio & Alvim, 2011
[Primeiro ensaio de fotografar a sombra de um pássaro a voar]
P de (The) Privacy of Rain (XI)
B de Biorritmo (LXIII)
"Apesar de tudo existe
Uma fonte de água pura
Quem beber daquela água
Não terá mais amargura"
quarta-feira, 23 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
T de Tratado de Pedagogia (XX) - No fundo, é isto:
ADENDA
Para a Inês e à memória
de quantas andorinhas matei
Como a fotografia que tiras, a pedra
que vos lancei desde essa primavera
da minha infância
tinha (se me perdoares a franqueza)
a mesma intenção: capturar o momento.
Mas um jeito rude, cretino, o desejo
quando só sabe ser grosseiro, antes
de ganhar bons modos, mais artísticos.
Em vez de «para sempre»
ou apenas «para mais tarde recordar»,
ali mesmo se precipitava, atropelando
a realidade nesse seu golpe possessivo.
Não sabendo reproduzir, criar igual,
vai destruir – para ter pelo menos
mão na coisa, um papel qualquer
ainda que seja o de vilão.
Não espero que o entendas. Por sorte,
eu entendo-te. E o que nos separou
talvez recorde aos dois o nosso papel.
Chama-se educação, professora.
Diogo Vaz Pinto
in AAVV, A propósito de andorinhas,
Lisboa, 18 de Abril de 2011
in AAVV, A propósito de andorinhas,
Lisboa, 18 de Abril de 2011
P de (Dois Anos de) Pássaros - mais andorinha, menos andorinha... (XXVIII)
"Les vrais enfants sont ceux qui ont passé leur enfance dans les arbres à dénicher des nids, et perdu leur vie."
segunda-feira, 21 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
M de Música para os meus olhos (XI)
E para os meus dedos:
Giovanni Girolamo Kapsberger: "Libro Primo d'Intavolatura di Lauto"
(onde se lê alaúde, leia-se agora harpa)
O de "O mundo está escuro: ilumina-o" (XII)
NOCHE
Qué imposible la noche que no venía contigo
ni llegaba por ti. Qué imposible,
y que lentos
sus dedos de cuchillo arañando mi espalda,
destrozando mi espalda,
que no supo más noche que la luz de tus dedos.
Ángel Mendoza, Cercanías,
Valência: Editorial Pre-Textos, 2002
sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Q de Quem te avisa teu amigo é
Mais do que o filme que acabei de rever,
há momentos/dias que deviam chegar com um aviso destes:
quarta-feira, 16 de março de 2011
T de Tratado de Pedagogia (XIX)
HABLANDO EX CATHEDRA
Es la classe. Y explico a mis alumnos, seriamente,
cosas creíbles en que yo no creo.
Que el hombre del Barroco, por ejemplo,
es distinto y distante de aquel de la Edad Media.
Que algo cambia
si unos hombres deciden ser vanguardia
o publicar un manifiesto.
Que la vida se afecta si el hormigón desplaza al arquitrabe.
Ellos toman apuntes y parecen creerlo.
Pero, como explicarles, contra toda evidencia,
que el tiempo nunca pasa?
Como decirles eso? Contra toda evidencia,
que aqui estaremos sempre. Y que seremos
no más de lo que hoy somos y ayer fuimos.
Y continúo monótono y cansino,
hablándoles de cambios y rupturas.
Porque al mirar sus rostros com acne y maquillaje,
su soñolienta piel elástica, sus piercings,
sus cuadernos apenas comenzados,
no acabo de atreverme
a decirles que el tiempo nos entierra
capa tras capa sobre el mismo sitio,
que somos substitutos del soldado que cae,
e del actor que enferma,
que jugamos una misma comédia com arreglos,
que Edad Media, Barroco, Ilustración, Romanticismoson tan sólo migajas
del pavor en el bosque del tiempo
y continúo
dictándoles apuntes,
explicándoles crisis, y cortes, y rupturas,
y finalmente
no, no me decido
– no sé si es compasión o es puro miedo,
Y no sé si por ellos o por mí
– a romper los esquemas,
a salirme ni un pelo del programa.
Enrique BaltanásIn Isla de Siltolá – Revista de Poesía, I, Sevilla, 2010
P de (Dois Anos de) Pássaros (XXVII)
Home is a place
To get a letter
If they can find you
I have heard
Because you can't
Send a letter
To a bird
You can't send a letter
To a bird.
To get a letter
If they can find you
I have heard
Because you can't
Send a letter
To a bird
You can't send a letter
To a bird.
Tom Waits, Seeds on Hard Ground (2011)
terça-feira, 15 de março de 2011
N de "Notre Dame des Gargouilles"
O Rei da Catalunha - IV
para a Inês
Sombra de ninguém, gémeo
do Unicórnio que há séculos desafia
um céu feito de injúrias e promessas.
Sobreviverás, de pé, à última noite
do mundo?
Manuel de Freitas
[Para o Ricardo, a minha gárgula preferida, na Catedral de Barcelona.]
B de Biorritmo (LIX)
EL PASO DE LA SIGUIRIYA
Entre mariposas negras
va una muchacha morena
junto a una blanca serpiente
de niebla.
Tierra de luz,
cielo de tierra.
Va encadenada al temblor
de un ritmo que nunca llega;
tiene el corazón de plata
y un puñal en la diestra.
¿Adónde vas, siguiriya,
con un ritmo sin cabeza?
¿Qué luna recogerá
tu dolor de cal y adelfa?
Tierra de luz,
cielo de tierra.
Federico García Llorca
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
B de Biorritmo (LVIII)
[Ao vivo é tão mágico que saí hoje do concerto a achar que conseguia dançar.]
B de Biorritmo (LVII)
EL EQUILIBRIO
La tuya era de un verde tristón, casi oxidado.
Sobre aquel armatoste de huesos de metal yo te veía
perderte hacia el trabajo con las primeras luces.
La mía era de un rojo vivo alegre
(los Reyes la trajeron un buen año de pagas).
Me dejé las rodillas, tú la voz, intentando
aprender la imposible lección del equilibrio.
Sueño que es tarde y llega tu hora de volver,
que se acerca, cansada, la bicicleta verde,
y que estoy esperando, ansioso por contar
que ya he logrado conducir la mía.
ÁNGEL MENDOZA
V de Vida (V)
MESA DOS SONHOS
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
De novos sonhos a vida.
ALEXANDRE O'NEILL
[Quanto a ontem, do início do jantar até ao fim da noite,
apetecia-me dizer isto aos amigos,
mas fiquei, como sempre, sem jeito:
obrigada por me deixarem crescer ao vosso lado,
dando-me vontade de ser um dia da vossa altura.
Assim vale a pena ter novos sonhos.]
sexta-feira, 11 de março de 2011
E de Espera (XII)
SÁBADOS DE AMOR
Preparabas los labios por si llegaba el beso,
dormido entre sus piernas.
Olías los perfumes de la noche más dulce,
antes de que viniera.
Repasabas canciones que en la orilla, al relente,
quemarías por ella,
deseando en el fondo la asfixia de no hallarla,
y vivir en los ritos hermosos de la espera.
Ángel Mendoza, Pájaro Negro (2010)
C de Chocolate Jesus (II)
B de Biorritmo (LVI)
sentada na tua cama
a vida infantil da morte
tem a graça das histórias mecânicas
Francis Picabia
a vida infantil da morte
tem a graça das histórias mecânicas
Francis Picabia
Nas costas do postal que tinha e onde cai
desde há muito, não sei em que cidade,
uma tarde de chuva insuperável,
larguei apressado contorno à chama
desse homem que fez a noite ajoelhar-se.
Cambado corpo, sonoro, num colete
sem botões para cores de mau vinho.
Aquele ombro descaído, debicado
por generosos pássaros,
sustinham juntos o ofego do acordeão,
decente e triste, de uma presteza viajada.
Sua infecção calma abrindo-nos
poços de ar no sangue, lento e impuro,
mendigando mais a leste um novo embalo.
Os ossos vibrando, frágeis, ocos,
como flautas para o sopro de um deus.
E os três euros, um insulto não sei
se a nós mesmos, se a este mundo
que se faz caro
para o vazio nos parecer chique.
Espirais de fumo, um frasco de tinta
tombado e a mancha cega que aos poucos
levará a memória disto, este encontro
de amigos, este bar.
Voltarei a ter encostada à minha
a carne áspera da solidão, voltarei
a esse sim-não-sim-não-sim: perdido
para segundas escolhas,
reflexos abolidos entre estranhas
gravidades, entretido com rudes
brincadeiras e esses sonhos nocturnos
precisos e práticos neste estupor
de corpos que vão ficando de sobra
uns para os outros. Poesia nenhuma,
matemática, simples e atroz.
Faço o caminho de volta, demoro
esses cansados fins de ruas e a linha
de candeeiros, sua líquida luz misturada
de urina, onde perdem a pele as imagens
e oferecem a sua carne aflita ao delírio
que me leva pela mão.
Atravessando jardins suspensos
no assombro monocórdico das flores,
perfume frio e gesto prolongado,
essa vénia num jeito doce e final.
No quarto, enquanto o silêncio rói,
escava os seus buracos, bato uns versos,
extraindo à máquina de escrever
essa grave caligrafia,
como um piano rematando outra
das suas canções de abandono e morte.
Estou só cigarro nos lábios e espero.
Olho as mãos, a marca de um anel
que nunca pus no dedo e que me intriga,
dói-me a sua mordedura e veneno.
Sentada na cama, lá esta ela
de chinelos, balouçando os pés frios,
com o seu ar trágico e indeciso.
Diogo Vaz Pinto
[AQUI]
quinta-feira, 10 de março de 2011
T de Tratado de Pedagogia (XVIII)
LEER POESÍA
Cuando acabo este libro de poemas
de Paul Celan, no sé ni qué me ha dicho
ni qué quiso decirme. Ni tan sólo
si pretendió decirme alguna cosa.
Hay tanto miedo en un poeta hermético.
Dejo la mano encima del libro ya cerrado,
y juro rechazar para sempre este miedo.
La poesia, que puede ser primeiro
un paisaje al que a veces se há llegado de noche,
acaba siendo sempre un espejo
donde uno ha de ler sus propios labios.
Y qué razón de ser
tiene el contenedor si está vacío?
Silencios y vacíos están hechos
sólo para los ángeles. Contienen
el miedo a la basura. La basura del miedo.
Joan Margarit, Misteriosamente Feliz,
Madrid: Visor, 2009
B de Biorritmo (LV)
SEIS SUITES
Durante mucho tiempo casi me arrepentí
de no haberme comprado una versión más
limpia,
más moderna,
de las Seis Suites de Bach para cello solo
(Yo Yo Ma, por ejemplo, tan brillante).
Hoy, mientras vibran duras, misteriosas,
las cuerdas y las manos de Pau Casals, su vieja
grabación de los años treinta, París y Londres,
sé, con firmeza, que el rumor ahogado,
los pequños crujidos, el volumen
un tanto desigual de esta lejana música,
son el eco más cierto,
el sonido más claro, el himno roto,
de un paisaje que enferma dentro del corazón.
Ángel Mendoza, Pájaro Negro (2010)
quarta-feira, 9 de março de 2011
V de Vigo (II)
A minha cantiga de amigo preferida:
Achava-me eu na ermida de São Simão
E cercarom-me as ondas, que grandes são:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Estando na ermida ante o altar,
Cercarom-me as ondas grandes do mar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
E cercarom-me as ondas, que grandes são,
Não hei barqueiro nem remador:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
E cercarom-me as ondas do alto mar,
Não hei barqueiro, nem sei remar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Não hei barqueiro nem remador
Morrerei eu formosa no mar maior:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Não hei barqueiro, nem sei remar,
Morrerei eu formosa no alto mar:
Eu aguardando o meu amigo,
Eu aguardando o meu amigo! E virá?
Meendinho
(séc. XIII)
terça-feira, 8 de março de 2011
V de Vigo
Mia irmana fremosa, treydes comigo
a la igreja de Vig', u é o mar salido:
E miraremos las ondas!
Mia irmana fremosa, treydes de grado
a la igreja de Vig', u é o mar levado:
E miraremos las ondas!
A la igreja de Vig', u é o mar salido,
e verrá i mia madr' e o meu amigo:
E miraremos las ondas!
A la igreja de Vig', u é o mar levado,
e verrá i mia madr' e o meu amado:
E miraremos las ondas!
a la igreja de Vig', u é o mar salido:
E miraremos las ondas!
Mia irmana fremosa, treydes de grado
a la igreja de Vig', u é o mar levado:
E miraremos las ondas!
A la igreja de Vig', u é o mar salido,
e verrá i mia madr' e o meu amigo:
E miraremos las ondas!
A la igreja de Vig', u é o mar levado,
e verrá i mia madr' e o meu amado:
E miraremos las ondas!
Martim Codax
quinta-feira, 3 de março de 2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
F de Faca Romba
XII - FILOSOFIA DO GABIRU
[...]
Compreendo o materialista sincero, o idealista sincero. Num predomina a nuvem, no outro a terra. Tudo o que é verdadeiro, arraigado e fundo, é belo - até o crime.
[...]
Compreendo o materialista sincero, o idealista sincero. Num predomina a nuvem, no outro a terra. Tudo o que é verdadeiro, arraigado e fundo, é belo - até o crime.
Raul Brandão, Os Pobres
[Obrigada, Diogo]
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