São desprezíveis os que amam e os que troçam
e quem espera e o desespero e a nostalgia.
Somos deuses que a dor e a infecção engrossam
e em Deus vamos pensando todavia.
A baía suave. Sonho em bosques sumido.
Os astros pesam, flores-bolas de nevar.
Saltam panteras p'las árvores sem ruído.
Tudo é margem. Eterno chama o mar.
Gottfried Benn, 50 Poemas,
trad. Vasco Graça Moura, Lisboa: Relógio D'Água, 1998
[Epígrafe de Inês Dias, Tempos Vários, Lisboa: Paralelo W, 2014]