quinta-feira, 30 de abril de 2015

M de Música para os meus olhos (XL)




Detalhe de uma colagem de Miguel de Carvalho
em No princípio não era o verbo
Coimbra, DSO, 2015

quarta-feira, 29 de abril de 2015

C de Começar o dia com um livro novo (XXXIV) *


MEMÓRIA DE AMOR


IV
(Directas)

Ainda não havia televisão a côres.
Todas as noites, víamos a série d'O Fugitivo.
Às vezes, bebíamos café e passávamos o resto 
da noite a fumar e a conversar. 
Não tínhamos pressa.
A paixão defendia-nos do tempo.

Saíamos, eternos, ao clarear do dia, 
para comprar peixe na lota do Cais-do-Sodré
e tomar o pequeno almoço na cantina. 

Não tínhamos nenhuma pressa. 
A paixão defendia-nos do tempo.
Voltávamos, eternos, para casa. 

14.VII.013


António Barahona, Pássaro-Lyra (Primeiro Tomo da Suma Poética),
com capa de Inês Dias e arranjo gráfico de Inês Mateus, 
Lisboa: Averno, 2015




* Com o livro que acaba de chegar da gráfica, 
a Averno completa 100 publicações, entre livros e revistas.
Têm vida(s) lá dentro, que é o mesmo (e muito mais)
que dizer Poesia. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

S de Solidão (ou C de Comunidade) XLI


PRIMAVERA


Chamo-lhe exílio, estar relegado.
Chamo-lhe as províncias.
E é afinal o meu coração.
O meu coração imperfeito que prefere
a distância das pessoas. Prefere
os semi-encontros que não podem levar
à intimidade. Amizades provisórias
que são interrompidas perto do início.
Um prazer em não comunicar.
E por dentro, nem desespero nem saudade.
Um gosto pela solidão. O conhecimento
de que o amor preserva a liberdade ao falhar
sempre. Um exílio por natureza. Onde,
aliás, é que eu poderia ser um cidadão?


JACK GILBERT
[Trad. ID]

sábado, 18 de abril de 2015

N de "Nous deux encore" (IV)




[Postal criado por DG/RPC ]

sexta-feira, 17 de abril de 2015

M de Museu Imaginário - XXVI b




Jim Jarmusch, Os Limites do Controlo, 2009



quarta-feira, 15 de abril de 2015

V de "Vos estis sal terrae"



Rui Caeiro
in Deus e outros animais, Lisboa: Averno, 2015




Sebastião Salgado
em entrevista ao Ípsilon, 10/04/2015

segunda-feira, 13 de abril de 2015

R de Rebeca (XIX)


[...]

Não achas, Mãe? Por exemplo. Há um cão vadio, sujo e com fome, cuida-se deste cão e ele deixa de ser vadio, deixa de estar sujo e deixa de ter fome. Até as crianças já lhe fazem festas.
Cuidaram do cão porque o cão não sabe cuidar de si - não saber cuidar de si é ser cão.
Ora eu não queria que cuidassem de mim, mas gostava que me ajudassem, para eu não estar assim, para que fosse eu o dono de mim, para que os que me vissem dissessem: Que bem que aquele soube cuidar de si!

* * *

Eu queria que os outros dissessem de mim: Olha um homem! Como se diz: Olha um cão! quando passa um cão; como se diz: olha uma árvore! quando há uma árvore. Assim, inteiro, sem adjectivos, só de uma peça: Um homem!

[...]


José de Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro,
ed. fac-similada, Lisboa: Assírio & Alvim, 2005

sábado, 4 de abril de 2015

U de "Uma Correspondência" (II)




Sandro Botticelli, 1490-1492

quinta-feira, 2 de abril de 2015

D de Dansa (V)




António Barahona, Ortographia,
Lisboa, 2015

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A de A poesia é o menos (VII)


Tens direito aos teus rancorzinhos e ao bom proveito que eles te façam e também ao mau, que isso de rancores é igual a estrume: tanto dá tétano como dá flores. 


Rui Caeiro, Deus e outros animais,
Lisboa: Averno, 2015




[ID, 'Parallel Walks', 09/013]