terça-feira, 30 de novembro de 2010

V de Vida (III)

A vida resumida pela minha agenda Moleskine:

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

P de (Dois Anos de) Pássaros (XI)


Filme:
Georges Franju, Les yeux sans visage, 1960

P de (Dois Anos de) Pássaros (X)

São os pássaros que levantam o dia para o cego.
Ouve-se a luz pendurada das árvores
e uma transfusão de sangue acelerado que acumula nos tímpanos
os latidos roubados à noite.

Amanhece.

Tíbias gotas de azul salpicam de manhã
os párabrisas dos carros.
Alguém, equivocado,
abriu o guarda-chuva pensando que chove.


Federico Gallego Ripoll
(versão de LP)

domingo, 28 de novembro de 2010

O de Objecto de desejo?

E de Espera (VIII)

Shel Silverstein

O de "O mundo está escuro: ilumina-o" (IV)

Lisboa, XI/2010

O de "O mundo está escuro: ilumina-o" (III)

Recuerdo com cierta precisión el momento en el que tuve
la certeza de que estas luces merecían un poema.
Recuerdo que el frío había entrado en nuestras vidas con el
impulso de los días previos al invierno y recuerdo también
cómo ceñías
tu cuerpo al mío para no dejarte atrapar.
En aquella plaza abarrotada, la misma que es antesala cada día
de paseos de palomas, niños y del resto, mientras el último
concierto
de las fiestas se consumía alcé la vista y hallé la belleza.
Recuerdo que al ver las luces nada pude hacer ya
o nada supe hacer.
Me dejé llevar por la palidez de las nubes blancas, de la niebla
amontoada en nuestros pechos y el río alborotado por el
viento.
Recuerdo en aquella noche de niebla espesa
la caída de dos lágrimas al ver las luces de la ciudad.

Ignacio Escuín Borao,
Habrá una vez un hombre libre
(Huacanamo)

sábado, 27 de novembro de 2010

F de Fazer Fotografia (XXV)

Um resumo da efemeridade: velas que se apagam, reflexos que se transformam e fotografias que perdem os nomes.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

P de (Dois Anos de) Pássaros (IX)


Detalhe de:
Jan Brueghel, o Velho - O sentido da audição - 1618
(Museo del Prado/Madrid)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

M de Museu Imaginário (XV)


Henri Matisse, La Conversation, 1908-1912

E de Espera (VII)


P de (Dois Anos de) Pássaros (VIII)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

F de Flor Suficiente (III)

HOJE, MORRENDO, LEVO SAUDADES
Hoje, morrendo, levo saudades
De cada pedra, de cada flor.
Destas violetas, levo saudades
Que hão-de ir comigo, seja onde for!
Levo saudades da praia bela
Em não passando, nela, ninguém.
Levo saudades, saudades dela,
Mas dela, apenas. De mais ninguém!
Levo saudades daquela casa,
Espelho baço da minha vida.
Levo saudades daquela casa,
Inútil, grande, triste, perdida.
Nódoas ocultas? Segredos de alma?
Casa ensombrada pelo Poeta!
Por que a inquietaram, vendo-a tão calma?
Por que a abandonaram, ao vê-la inquieta?
Levo saudades da noite fria,
Por entre as campas a que fui dar.
(Quantas espadas na ventania!)
Mármore, gelo, nudez, Luar.
Levo saudades de haver criado
A minha própria ressurreição.
Que, sem rodeios, o meu pecado
Está nas coisas. Nos homens não!
Está no medo, na poesia
E (sobretudo!) no que se esconde
Por trás das grades frígidas, onde
Só,
Um crisântemo
Sorria…
Pedro Homem de Mello, As Perguntas Indiscretas

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A de (Só acrescentava) Amizade

Frida Kahlo, DIÁRIO

domingo, 21 de novembro de 2010

N de “no lugar seguro da próxima Primavera” (M.G.L.)

Já que sentir é primeiro
quem presta alguma atenção
à sintaxe das coisas
nunca há-de beijar-te por inteiro;

por inteiro ensandecer
enquanto a Primavera está no mundo
o meu sangue aprova,
e beijos são melhor fado
que sabedoria
senhora eu juro por toda a flor. Não chores
- o melhor movimento do meu cérebro vale menos que
o teu palpitar de pálpebras que diz

somos um para o outro: então
ri, reclinada nos meus braços
que a vida não é um parágrafo

E a morte julgo nenhum parêntesis



e. e. cummings, xix poemas,
trad. Jorge Fazenda Lourenço (Assírio & Alvim)

B de Biorritmo (XLI) - o sentimento da(s) véspera(s)



Tell me why
I dont like Mondays
Tell me why
I dont like Mondays
Tell me why
I dont like Mondays
I wanna shoo-oo-oo-oo-oo-oot the whole day down
[Obrigada, Alexandra]

sábado, 20 de novembro de 2010

R de Rebeca (II)



João Barrento, O Género Intranquilo, Lisboa: Assírio & Alvim, 2010

R de Rebeca


Francisco de Goya, "Perro semihundido", 1819-1823
(Museo del Prado/Madrid)

P de (Dois Anos de) Pássaros (VII)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

F de Fazer Fotografia (XXIV)


Alfred Stieglitz, A Snapshot: Paris, 1911

G de Gostava de ter sido eu a tirar esta fotografia (II)

À noite
com a iluminação pública
as sombras dos choupos
nas cortinas das janelas
da minha sala

Adília Lopes, Apanhar Ar (Assírio & Alvim)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

E de Espera (VI)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E de Estado de espírito (II)

Animula vagula, blandula,
Hospes comesque corporis,
Quae nunc abibis in loca
Pallidula, rigida, nudula,
Nec, ut soles, dabis iocos...

P. Elius Hadrianus, Imp.

sábado, 13 de novembro de 2010

S de Sino da minha aldeia (III)

Eu sei que é um xilofone, mas parecem quase sininhos e dão-me sempre vontade de dançar.

T de Tratado de Pedagogia (XVI)

[Fonte: Bernardo Atxaga, Alfabeto sobre la literatura infantil,
Valência: Media Vaca, 1999/2010]

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

E de Espera (V)

O de Outono (VII)

[Fotografia de Jorge Molder]

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

E de Espinhas para um gato (IV)


B de Biorritmo (XL)

"[...] Nothing's ever as it seems/ Climb the ladder to your dreams/ If I die before you wake/ Don't you cry, don't you weep/ Nothing's ever yours to keep/ Close your eyes; go to sleep"

P de (The) Privacy of Rain (VI)

R de Regresso ao trabalho (VI)

Eu gostava,
gostava de descansar!
De poisar os meus olhos sobre outros…
descansar!
sobre outros de qualquer cor
e tamanho…

E, também, de escrever
com amabilíssima calma,
perfeita tranquilidade.


Irene Lisboa, Um dia e outro dia...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

S de Sino da minha aldeia (II)





Gostava de viver numa torre assim,
com vidros às cores e sinos só para o vento brincar
(Sintra/Novembro 2010)

S de Sino da minha aldeia

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

P de (Dois Anos de) Pássaros (V)

[Para a Renata, este filme de que sempre gostei e que começa justamente com um pássaro a ser salvo junto ao mar. Ela sabe porquê.]

domingo, 7 de novembro de 2010

P de (Dois Anos de) Pássaros (IV)

S de Solidão (ou C de Comunidade) V

Il y a tant de savoir maudit qui embarrasse, qui obstrue. Ces mots, tous ces mots empoisonnés et menteurs qui engorgent, qui gonflent les muqueuses, qui empêchent l'air d'arriver. Tant de mots : tant de murs.
Mais il y a d'autres mots qui libèrent, et on ne comprend pas pourquoi. Ne sont-ils pas les mêmes ? Ne sont-ils pas, eux aussi, du langage des hommes . Ils arrivent facilement, sans qu'on les cherche, ils sont légers, ils ne veulent rien, ils n'écrasent pas. Des mots aériens, suspendus sur le ciel blanc en escadres immobiles. C'est eux que l'on perçoit à présent, rien qu'eux. Comment un tel langage a-t-il pu s'inventer. On aimerait croire que c'est un mirage, un hasard, et pourtant on sait bien (à cause justement de tous les mots du langage lourd) que ce n'est pas une coïncidence. La musique ne trouble que la musique, et les mots d'Iniji retrouvent au fond de vous leur propre image, comme survolant un grand lac immobile.
Le poème est venu de loin, comme cela, calmement, avec ses gestes, avec sa vie, pour vous retrouver.

J.M.G. Le Clézio
in Vers les Icebergs (1978)

sábado, 6 de novembro de 2010

P de (Dois Anos de) Pássaros (III)


Henri Cartier-Bresson, Henri Matisse, 1944

[Para juntar à lista de compras:

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

T de Tratado de Pedagogia (XV)

THE LEADEN-EYED

Let not young souls be smothered out before
They do quaint deeds and fully flaunt their pride.
It is the world's one crime its babes grow dull,
Its poor are ox-like, limp and leaden-eyed.
Not that they starve; but starve so dreamlessly,
Not that they sow, but that they seldom reap,
Not that they serve, but have no gods to serve,
Not that they die, but that they die like sheep.
Vachel Lindsay
(1914)

A de Amor (VII)

Ofereceram-me o amor ontem:

Perfume LOVE,
Chloé

R de Regresso ao trabalho (V)

"Doenças do trabalho. Um problema político de primeira importância. Hoje em dia, uma grande percentagem dos empregos faz mal às pessoas."

W. H. Auden, O Prolífico e o Devorador, Lisboa: &etc, 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

P de (Dois Anos de) Pássaros (II)

A Raposa (Sintra), 01/11/10

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O de Outono (VI)

Vou subindo por uma escarpa
Que vai ter à mansão divina.
Em cada corda da minha harpa
Canta uma estrela vespertina.

Em meio de luzes tantas,
Que sempre refulgirão,
Vejo astros às minhas plantas
E colho estrelas com a mão.

Quantos sublimes resplandores
Cintilam castos no meu peito!
São os responsos precursores
Da paz do meu último leito.

Minh’alma é árvore deserta
Que o Outono vem desfolhar.
Quando o sonho me desperta,
No meu peito canta o luar…

O Inverno passa, a primavera
Esconde-se entre alas de lírios:
Mas a minh’alma sempre espera
Dores novas, novos martírios.

Tudo me é sonoro e suave:
Emperolado de sol,
Bate as suas asas de ave
No meu peito de rouxinol.

As minhas ilusões são rosas
Esfolhadas por mãos celestes;
São como brisas silenciosas
Entre alamedas de ciprestes.

No campanário onde me acho,
Entre cítaras de luar,
Contemplo a lua debaixo
Da minh’alma, a soluçar…


ALPHONSUS DE GUIMARAENS

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

L de Levantar a cabeça (IV)

Sintra, 31/10/10

D de Dia de los Muertos (II)


Carlo Farneti
(ilustração para uma edição de Les Fleurs du Mal, 1935)