quarta-feira, 30 de setembro de 2015

S de "Solo se pierde lo que no se ama." - b *




Novalis
citado por Rui Chafes.



* Começa assim um poema de Claudio Rodríguez.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

T de Tratado de Pedagogia (LXIV)


Como se alguém teimosamente mudo
ante o esplendor que não se vê de dia
tivesse ignorado os livros de estudo
e saído porta fora da aula de poesia

Como se alguém falhasse a pontaria
frente às imagens raiadas de sonhos
e só tivesse olhos para aquela alegria
que mora dentro de espelhos medonhos

Como se alguém arrancasse a cabeça
e a escondesse no bolso das calças
de forma a que a luz esquecesse depressa
ter entrado sempre por janelas falsas

Como se alguém sem o saber dissesse
adeus muito antes da hora da verdade
e ficasse à esquina de tudo o que acontece
e a peste estourasse na cidade


Vítor Silva Tavares, Púsias,
Porto: Edições 50kg, 2015

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

S de Santa Cruz - XI b






[ID, 'As escadas não têm degraus', Seixo, 14/09/015]



sábado, 12 de setembro de 2015

T de Tratado de Pedagogia (LXV)


É O DOMÍNIO


É o domínio
de uma luz que dura além do limite
e que ao terminar não oferece
um tempo mínimo para os olhos
se habituarem ao escuro.
Percebo o luar sem olhar para o alto
e a lembrança de certas constelações
(o cinturão de Órion, as três Marias
tão ordenadas) é como a memória
que trago do mar visto pela última vez
há nove anos - eu, animal aleijado
de tudo o que seja sentido cardeal.
Em minha cidade, lugar de origem,
não sei apontar o leste,
desconheço a existência de pássaros migradores
e até do que me é cativo
guardo um conhecimento impreciso:
de onde chegam as aves
que invadem todas de uma vez as árvores
da Praça XV ao entardecer
de um mês preciso, mas qual?
Janeiro e o apogeu do calor?
Junho e as suavidades do frio?
E como dizer que um dia é diferente
do lixo amontoado nas esquinas?
Ver simplesmente é um hábito
que se desaprende e do qual
mal se sente falta; o coração
é uma história contada por um velho
que, se sabe o próprio nome, ignora
o lugar em que nasceu
e, se ainda enxerga os pássaros nos ares,
não sabe se está diante de seres eternos
ou se os contempla em seu último voo.


Daniel Francoy, Calendário, 
Lisboa, Artefacto, 2015

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

L de de "[...] like the rain, like the night"






Michel Faber, O Livro das Estranhas Coisas Novas,
trad. Inês Dias, Lisboa, Relógio D'Água, 2015

terça-feira, 8 de setembro de 2015

P de "Pelos caminhos da manhã" (VI)




'God is in the details.'
[ID, 07/09/015]



segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O de "Onde se lê 'gato'..." (XI)





 

[Mário Botas, Lychee, 1982]




[Telhados de Vidro n.º 20, com capa de Daniela Gomes,
Lisboa, Averno, Setembro de 2015]

domingo, 6 de setembro de 2015

N de "No fundo, é isto" (V)


Que venham mais dias
(com os mesmos amigos e o mesmo amor) 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

T de "The days grow short" (XIII)


NOSTALGIA III DO ESPAÇO LIVRE   


Era setembro era o sol ao longo do rio sem pressas
arrumado o calor na garagem dos eléctricos então
dispúnhamos das tardes para conversas súbitas
e longas de falar acetinadas o trato negligente
en ville dizíamos quando vier novembro
teremos mel e torradas de pão centeio caseiro
Éramos os rapazes os pensamentos as pontas escuras
do corpo que brilhavam na contraluz verde
das raparigas desembarcadas posto o sol já
noite A travessia curta no barco da Afurada
terminava numa impaciência e subíamos para o 18
com fome direcção Carmo


Carlos Leite, O Desflashar dos Espaços,
Lisboa, Black Sun, 1987





[ID, Lisboa, 'Bom Ano Novo', 014]