A CAMA DE FERRO
Olham uma menina e um gato
Num espelho qual buraco de fechadura
Vendo outra menina e outro gato.
Coisa alguma o fardo alivia
Do espelho e do armário de gavetas.
A eles se agarrou muita poesia.
Poemas como caixas, dentro nada.
Ou, se algo houver, será apenas isto:
Triste cama em marquise envidraçada.
Gerrit Komrij,
Contrabando - uma antologia poética, trad. Fernando Venâncio,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2005
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