domingo, 31 de julho de 2011
B de Biorritmo (C)
Ouviu-se ontem, numa noite muito bonita:
[...]
Rumbo a la cosecha cosechero yo seré
Y entre copos blancos mi esperanza cantaré
Con manos curtidas dejaré en el algodón
Mi corazón.
La tierra del chaco quebrachera y montaraz
Prenderá en mi sangre con un ronco sapucay
Y será en el surco mi sombrero bajo el sol
Faro de luz
[...]
[...]
Rumbo a la cosecha cosechero yo seré
Y entre copos blancos mi esperanza cantaré
Con manos curtidas dejaré en el algodón
Mi corazón.
La tierra del chaco quebrachera y montaraz
Prenderá en mi sangre con un ronco sapucay
Y será en el surco mi sombrero bajo el sol
Faro de luz
[...]
sábado, 30 de julho de 2011
P de (Os) Pássaros em Volta (XVIII)
Sir Edward Burne-Jones,
"Ladies and animals sideboard - good and bad animals - study for a lady feeding parrots",
1860
E de "É a Hora!" *
* O título é, claro, de Fernando Pessoa.
A música de algumas das melhores madrugadas dos últimos tempos
.
N de "No fundo, é isto" (II)
ACUSAÇÃO AO PRINCÍPIO DA TARDE
Viajo atrás do guarda-freio um saco de livros na mão
o eléctrico quase cheio e na paragem da Sé lá saem
ao que diz o condutor e com ciência pura os carteiristas
muito nervoso aquele que saiu pela porta da frente
E ao dobrar a esquina da Catedral subindo à luz
da Graça insinua então o advogado dos passageiros
atirando na minha direcção a nuca e o polegar dirigido também
mas à frente do peito resguardado
e contando por certo que eu não o visse que andaria eu à cata
pois então das carteiras vizinhas
Meio mundo ficou de rosto para mim
e eu como se todo o mundo
tivesse cristalizado no clarão da coisa insinuada
Nisto de carteiristas
o saber de experiência feito dos guarda-freios faz lei
E posso reafirmá-lo porque chegando à Graça
e em pedindo explicações a criatura lá foi dizendo que
se eu reagia por alguma coisa seria Fiquei
a compreender melhor
o murro de Billy Budd no mestre de armas Claggart
na bela novela
de Herman Melville De um eléctrico na Graça
ao navio Indomável ainda vai existindo a porra do inexplicável
- Abel Neves
Viajo atrás do guarda-freio um saco de livros na mão
o eléctrico quase cheio e na paragem da Sé lá saem
ao que diz o condutor e com ciência pura os carteiristas
muito nervoso aquele que saiu pela porta da frente
E ao dobrar a esquina da Catedral subindo à luz
da Graça insinua então o advogado dos passageiros
atirando na minha direcção a nuca e o polegar dirigido também
mas à frente do peito resguardado
e contando por certo que eu não o visse que andaria eu à cata
pois então das carteiras vizinhas
Meio mundo ficou de rosto para mim
e eu como se todo o mundo
tivesse cristalizado no clarão da coisa insinuada
Nisto de carteiristas
o saber de experiência feito dos guarda-freios faz lei
E posso reafirmá-lo porque chegando à Graça
e em pedindo explicações a criatura lá foi dizendo que
se eu reagia por alguma coisa seria Fiquei
a compreender melhor
o murro de Billy Budd no mestre de armas Claggart
na bela novela
de Herman Melville De um eléctrico na Graça
ao navio Indomável ainda vai existindo a porra do inexplicável
- Abel Neves
quinta-feira, 28 de julho de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
R de Regresso ao Trabalho (XVII)
[...]
Não vou lamentar, o que passou, passou
Eu vou embora, meu tempo acabou
Tenho muita coisa para descobrir
[...]
P de Poética (VI)
O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúptia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma
- Luiza Neto Jorge
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúptia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma
- Luiza Neto Jorge
terça-feira, 26 de julho de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
C de "Canção diante de uma porta fechada" (III)
Termina assim o livro Eis o Amor a Fome e a Morte:
Se te perguntarem
dirás que não preferes os versos
antes a melodia anterior a suspeita da calma
Mas eles são os espalhados ícones
a derradeira hipótese no lado esquerdo do peito
A página é um tecido intenso tenso como a lira
e seria belo que entrasses na página
como o pássaro no arvoredo
ABEL NEVES
domingo, 24 de julho de 2011
M de Medo (III)
Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas.
Rosas ascendem do coração trançado
das madeiras.
As caudas dos pavões como uma obra astronómica.
E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.
Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.
E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. Os olhos contra
as artes do fogo.
Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.
- Herberto Helder, Ou o poema contínuo (Assírio & Alvim)
Rosas ascendem do coração trançado
das madeiras.
As caudas dos pavões como uma obra astronómica.
E o quarto alagado pelos espelhos
dentro. Ou um espaço cereal que se exalta.
Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias.
E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento
contra o terror que o arrebata. Os olhos contra
as artes do fogo.
Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens.
- Herberto Helder, Ou o poema contínuo (Assírio & Alvim)
C de Cicatriz (IV)
PREÇO
Meu casaco
acha bonito?
De segunda mão
De segunda meu cabelo
o sorriso que te dei
na última quarta-feira
e a promessa que farei
cega e nua sob aplausos
De segunda aquele orgasmo
leiloado por credores
a cicatriz que se alastra
na tenda dos camelôs
Novo somente
o perdão por conhecer
todas as coisas e gestos
pechinchados sem vergonha
redimidos pelo uso
Sempre novo esse perdão
inédito
como uma farpa sob a unha
no polegar esmagado
Fabio Weintraub, Baque, São Paulo: Editora 34, 2007
sábado, 23 de julho de 2011
P de (Os) Pássaros em Volta (XII)
Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisões.
Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo
Se se recorda dos movimentos migratórios
E das estações.
Mas não me importo de adoecer no teu colo
De dormir ao relento entre as tuas mãos.
- Daniel Faria
[AQUI]
Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo
Se se recorda dos movimentos migratórios
E das estações.
Mas não me importo de adoecer no teu colo
De dormir ao relento entre as tuas mãos.
- Daniel Faria
[AQUI]
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
P de Poética - IV b
In a manner of speaking
Um dos meus momentos preferidos do Hamlet, além de outro em que aquela espécie de António Carlos Cortez da peça – quer dizer, a Ofélia – morre afogada, é uma enumeração, talvez a melhor de toda a história da literatura: “words, words, words.”. Em vez de cair na tentação que seria repetir, por si, este recurso de estilo, Zbigniew Herbert consegue dar à mesma ideia uma expressão nova, a qual perde por destruir a simplicidade mas, ao mesmo tempo, ganha em imagética: “we live on archipelagos/ and that water these words what can they do what can they do prince”.
Talvez por acidente, talvez não, o feito que o poeta polaco aqui consegue é sintomático do problema que à partida afecta a nossa possibilidade de nos entendermos. As palavras sofrem da síndrome da peça de mosaico e, mesmo quando ligadas entre si, em todo o poder de uma imagem, não ligam propriamente dois corpos um ao outro, duas compreensões uma à outra, tal como a água, verdadeiramente, nunca liga duas ilhas: “In a manner of speaking/ Semantics won't do/ In this life that we live we only make do/ And the way that we feel/ Might have to be sacrified”.
Hamlet, entre outras coisas, é uma peça sobre a impossibilidade absoluta de extremarmos os sentimentos que temos uns pelos outros. O Eugénio, quando escreveu que “São como um cristal,/ as palavras./ Algumas, um punhal,/ um incêndio”, não podia estar mais longe da verdade. As palavras não são nada, perdem-se entre nós e nós perdemo-nos com elas pelo caminho. Somos ilhas que sobrevivem entre os sussurros de outras, numa solidão em que só podemos ser amigos, em que só podemos ser inimigos de nós próprios. Isto é que é morrer.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
M de Mesa de Amigos (VII)
Ontem, a desoras, ainda nos lembrámos deste poema:
Deitei a tarde pela janela e fiquei só
com a linha onde a luz se suspendeu
num tom rosado, tão calmo, quase
artificial neste fim de Abril, a descer sobre
o azul da minha voz. Pus-me a fumar
por cima de um caderno, enchendo
e virando páginas, um punho a apoiar
este rosto agarotado e um dedo
passando pela boca que há muito
não se embeiça por sentidos razoáveis.
Não sei se tentava voltar aos braços
de alguma remota ilusão, se me fiquei
por um circuito de estilhaços ou qualquer
outra lesão silenciosa. Mais óbvios
todos os destinos, dói mais ao princípio:
ver como os dias vão saindo repetidos. E daí,
a repetição talvez seja só eu, esta pequena
intriga ou vago remorso que me escreve.
Não era como se tivéssemos muito
a esperar das ruas, mas saímos
e depressa demos com o labirinto de excessos
na noite que o corpo nos exigia. Os dois
à boleia do tempo, juntando mais
umas horas a esta idade que tresanda já
a maus hábitos, paixões sem interesse
e fantasias voltando a casa destruídas,
cada vez menos e menos inocentes.
Por aí a imaginação perdia
toda a confiança, dócil, foi-se ajoelhando
e enfrentou confissões ordinárias,
sepultando os sorrisos
que nos caíram entre os lábios.
Esquecemos tantas outras vidas.
Sentados de costas para a entrada,
no Saloio da 24, insististe que a vidinha,
enfim, lá tinha dado connosco. E que lugar
tão triste para o admitirmos, entre a fatia
de pizza, o rissol e os copos de plástico
que não foram suficientes para afastar-nos
da razão, nem sequer distrair os sinónimos
que chegam, às vezes, demasiado cedo,
quando o coração é um ódio
tão natural, uma forma de pedir
que não contem mais connosco.
Um tudo-nada comovidos, aguentou-nos
um silêncio que também já não era só nosso.
Arrumados para estatísticas:
eu levando um curso aos chutos vai agora
para uns cinco anos, e tu, diplomado
e num primeiro emprego, a seres pago
para gastares com a infelicidade
as incertezas que te restam. Os dois,
como é normal, mimando e entretendo
a carne agarrada aos ossos.
A CARNE AGARRADA AOS OSSOS
com a linha onde a luz se suspendeu
num tom rosado, tão calmo, quase
artificial neste fim de Abril, a descer sobre
o azul da minha voz. Pus-me a fumar
por cima de um caderno, enchendo
e virando páginas, um punho a apoiar
este rosto agarotado e um dedo
passando pela boca que há muito
não se embeiça por sentidos razoáveis.
Não sei se tentava voltar aos braços
de alguma remota ilusão, se me fiquei
por um circuito de estilhaços ou qualquer
outra lesão silenciosa. Mais óbvios
todos os destinos, dói mais ao princípio:
ver como os dias vão saindo repetidos. E daí,
a repetição talvez seja só eu, esta pequena
intriga ou vago remorso que me escreve.
Não era como se tivéssemos muito
a esperar das ruas, mas saímos
e depressa demos com o labirinto de excessos
na noite que o corpo nos exigia. Os dois
à boleia do tempo, juntando mais
umas horas a esta idade que tresanda já
a maus hábitos, paixões sem interesse
e fantasias voltando a casa destruídas,
cada vez menos e menos inocentes.
Por aí a imaginação perdia
toda a confiança, dócil, foi-se ajoelhando
e enfrentou confissões ordinárias,
sepultando os sorrisos
que nos caíram entre os lábios.
Esquecemos tantas outras vidas.
Sentados de costas para a entrada,
no Saloio da 24, insististe que a vidinha,
enfim, lá tinha dado connosco. E que lugar
tão triste para o admitirmos, entre a fatia
de pizza, o rissol e os copos de plástico
que não foram suficientes para afastar-nos
da razão, nem sequer distrair os sinónimos
que chegam, às vezes, demasiado cedo,
quando o coração é um ódio
tão natural, uma forma de pedir
que não contem mais connosco.
Um tudo-nada comovidos, aguentou-nos
um silêncio que também já não era só nosso.
Arrumados para estatísticas:
eu levando um curso aos chutos vai agora
para uns cinco anos, e tu, diplomado
e num primeiro emprego, a seres pago
para gastares com a infelicidade
as incertezas que te restam. Os dois,
como é normal, mimando e entretendo
a carne agarrada aos ossos.
Diogo Vaz Pinto, Nervo (Averno)
domingo, 17 de julho de 2011
P de Poética (IV)
Ontem, a noite começou - e tão bem - com esta canção:
[...]
Give me the words
That tell me everything
In a manner of speaking
Semantics won't do
[...]
[...]
Give me the words
That tell me everything
In a manner of speaking
Semantics won't do
[...]
sexta-feira, 15 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
C de Começar o dia com um livro novo (II)
Os homens de idade cultivam
pequenas certezas:
o correio chegar
às três e quarenta e cinco em ponto,
as palavras cruzadas virem
no canto superior esquerdo
da página vinte e três.
O peso de um recém-nascido,
a largura e a profundidade de um sapato
a quantia exacta de uma conta,
e, quando se justifica,
o sítio onde tudo aconteceu
não o motivo - apenas o sítio preciso.
Os homens de idade
não gostam mesmo nada
de ir para além
das ligações já estabelecidas…
Não gostam de vaguear na escuridão
ou de programar muito o futuro
nem de estar muito longe de casa.
Não, os homens de idade não gostam
mesmo nada de ir para além destas
pequenas certezas -
o nome, a data e o local e o número
e a fome e o amor…
Mas serão só os homens de idade?
Todos somos velhos de vez em quando.
Tennessee Williams, Alguns Poemas,
trad. de Ricardo Marques,
trad. de Ricardo Marques,
Lisboa: Língua Morta, 11 de Julho de 2011
R de Revisões da matéria dada - II b
RATTLESNAKES (1984),
Lloyd Cole and The Commotions
Jodie wears a hat although it hasn't rained for six days
she says a girl needs a gun these days
hey on account of all the rattlesnakes
she looks like Eva Marie Saint in On the Waterfront
she reads Simone de Beauvoir in her American circumstance
she is less than sure if her heart has come to stay in San Jose
and her neverborn child still haunts her
as she speeds down the freeway
as she tries her luck with the traffic police
out of boredom more than spite
she never finds no trouble she tries too hard
she's obvious despite herself
she looks like Eva Marie Saint in On the Waterfront
she says all she needs is therapy
yeh, all you need is love is all you need
Jodie never sleeps because there are always needles in the hay
she says that a girl needs a gun these days
hey on account of all the rattlesnakes
she looks like Eva Marie Saint in On the Waterfront
as she reads Simone de Beauvoir in her American circumstance
her heart… heart is like crazy paving
upside down and back to front
she says ooh, it's so hard to love
when love was your great disappointment
Lloyd Cole and The Commotions
Jodie wears a hat although it hasn't rained for six days
she says a girl needs a gun these days
hey on account of all the rattlesnakes
she looks like Eva Marie Saint in On the Waterfront
she reads Simone de Beauvoir in her American circumstance
she is less than sure if her heart has come to stay in San Jose
and her neverborn child still haunts her
as she speeds down the freeway
as she tries her luck with the traffic police
out of boredom more than spite
she never finds no trouble she tries too hard
she's obvious despite herself
she looks like Eva Marie Saint in On the Waterfront
she says all she needs is therapy
yeh, all you need is love is all you need
Jodie never sleeps because there are always needles in the hay
she says that a girl needs a gun these days
hey on account of all the rattlesnakes
she looks like Eva Marie Saint in On the Waterfront
as she reads Simone de Beauvoir in her American circumstance
her heart… heart is like crazy paving
upside down and back to front
she says ooh, it's so hard to love
when love was your great disappointment
[Obrigada, João Luís]
quarta-feira, 13 de julho de 2011
C de "Canção diante de uma porta fechada"
O título é de Agustina Bessa Luís; a fotografia de uma capela entrevista em Cascais;
a vontade de (re)ler The Time of the Angels, de Iris Murdoch, e todos os livros de Ana Teresa Pereira.
H de "Hay que beber para recordar y comer para olvidar" (XI)
Onde se lê "Bolanger", deve ler-se "Boulanger",
criador do primeiro restaurante - no sentido moderno do termo.
[Restaurante Vin Rouge, Cascais]
terça-feira, 12 de julho de 2011
B de Brincar com ossinhos (IV)
In darkness let me dwell, the ground shall sorrow be,
The roof despair to bar all cheerful light for me,
The walls of marble black that moistened still shall weep,
My music hellish jarring sounds, to banish friendly sleep,
Thus wedded to my woes and bedded to my tomb,
O let me living, living, die till death do come.
P de Poética (III)
FIESTA DEL ALMA
Por qué pasas tan deprisa
las páginas de tus nervios?
Todo se ceremonia a cada paso contado
Tú ibas a escuchar el ruído del lavarropas
y creías oír sonar la flauta de Dios
Quién asimila la máscara de las horas?
El antifaz terrible de la vida
Hasta el último instante estuvimos llevando
las colgaduras del alma
- Carlos Edmundo de Ory
in Sin Permiso de Ser Ángel, New York: Vanguardo Editions Gas Station, 1988
Por qué pasas tan deprisa
las páginas de tus nervios?
Todo se ceremonia a cada paso contado
Tú ibas a escuchar el ruído del lavarropas
y creías oír sonar la flauta de Dios
Quién asimila la máscara de las horas?
El antifaz terrible de la vida
Hasta el último instante estuvimos llevando
las colgaduras del alma
- Carlos Edmundo de Ory
in Sin Permiso de Ser Ángel, New York: Vanguardo Editions Gas Station, 1988
V de Vício (VII)
As personagens deste livro, incluindo os touros, são completamente fictícias.
[Nota prévia em:
Rex Stout, O Touro Assassino, col. Vampiro, Lisboa: Livros do Brasil, 2000]
segunda-feira, 11 de julho de 2011
sábado, 9 de julho de 2011
sexta-feira, 8 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
A de "Álcool, nem vê-lo"
Monkey Shoulder Whisky
[Os macacos, libertei-os eu, suavemente.
A foto é do RMR. As artes finais serão da Sf.]
quarta-feira, 6 de julho de 2011
R de Revisões da matéria dada - b
DIALOGO DEL PERRO Y DEL ANGEL
El perro le dijo al ángel: "yo te beso"
el ángel le dijo al perro: "yo te muerdo"
el perro le dijo al ángel: "yo te canto"
el ángel le dijo al perro: "yo te ladro"
el perro le dijo al ángel: "yo te alabo"
el ángel le dijo al perro: "yo te meo"
el perro le dijo al ángel: "yo te leo"
y el ángel: "cállate que me estropeo!"
el perro le dijo al ángel: "yo te canto"
el ángel le dijo al perro: "yo te ladro"
el perro le dijo al ángel: "yo te alabo"
el ángel le dijo al perro: "yo te meo"
el perro le dijo al ángel: "yo te leo"
y el ángel: "cállate que me estropeo!"
Carlos Edmundo de Ory, Sin Permiso de Ser Ángel,
New York: Vanguardo Editions Gas Station, 1988
terça-feira, 5 de julho de 2011
R de Regresso ao Trabalho (XVI)
E uma borboleta enorme passou redentoramente à frente da janela,
enquanto esperava o início de mais uma reunião.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
P de (Os) Pássaros em Volta (X)
- "Si un oiseau savait dire précisement ce qu'il chante, pourquoi il le chante, et quoi, en lui, chante, il ne chanterait pas."
- "Il faut être léger comme l'oiseau et non comme la plume."
- "Every bird a word, every word a bird." (What Is Poetry?)
- "Il faut être léger comme l'oiseau et non comme la plume."
PAUL VALÉRY
[Obrigada, Hugo]
- "If you call yourself a poet, sing it, don't state it." (Poetry As Insurgent Art)
- "Every bird a word, every word a bird." (What Is Poetry?)
LAWRENCE FERLINGHETTI
domingo, 3 de julho de 2011
D de Desejo
VIE DANGEREUSE
Aujourd'hui je suis peut-être l'homme le plus heureux du monde
Je possède tout ce que je ne désire pas
Et la seule chose à laquelle je tienne dans la vie chaque tour de l'hélice m'en [rapproche
Et j'aurai peut-être tout perdu en arrivant
- Blaise Cendrars
Aujourd'hui je suis peut-être l'homme le plus heureux du monde
Je possède tout ce que je ne désire pas
Et la seule chose à laquelle je tienne dans la vie chaque tour de l'hélice m'en [rapproche
Et j'aurai peut-être tout perdu en arrivant
- Blaise Cendrars
sábado, 2 de julho de 2011
sexta-feira, 1 de julho de 2011
T de "(um) torso dobrado pela música" (IX)
Basta senhora harpa das belas imagens
Dos furtivos cosmos iluminados
Outra coisa outra coisa buscamos
Sabemos pousar um beijo como um olhar
Plantar olhares como árvores
Engaiolar árvores como pássaros
Regar pássaros como heliotrópios
Tocar um heliotrópio como uma música
Esvaziar uma música como um saco
Degolar um saco como um pinguim
Cultivar pinguins como vinhedos
Ordenhar um vinhedo como uma vaca
Desarvorar vacas como veleiros
Pentear um veleiro como um cometa
Desembarcar cometas como turistas
Enfeitiçar turistas como serpentes
Colher serpentes como amêndoas
Descascar uma amêndoa como um atleta
Abater atletas como ciprestes
Acender ciprestes como faróis
Aninhar faróis como cotovias
Exalar cotovias como suspiros
Bordar suspiros como sedas
Derramar sedas como rios
Tremular um rio como uma bandeira
Depenar uma bandeira como um galo
Apagar um galo como um incêndio
Vogar em incêndios como em oceanos
Ceifar oceanos como searas
Repicar searas como sinos
Esquartejar sinos como cordeiros
Desenhar cordeiros como sorrisos
Engarrafar sorrisos como licores
Engastar licores como jóias
Electrizar jóias como crepúsculos
Tripular crepúsculos como navios
Descalçar um navio como um rei
Pendurar reis como auroras
Crucificar auroras como profetas
- Vicente Huidobro
(tradução de Luis Pignateli)
in Natureza Viva, Hiena
Dos furtivos cosmos iluminados
Outra coisa outra coisa buscamos
Sabemos pousar um beijo como um olhar
Plantar olhares como árvores
Engaiolar árvores como pássaros
Regar pássaros como heliotrópios
Tocar um heliotrópio como uma música
Esvaziar uma música como um saco
Degolar um saco como um pinguim
Cultivar pinguins como vinhedos
Ordenhar um vinhedo como uma vaca
Desarvorar vacas como veleiros
Pentear um veleiro como um cometa
Desembarcar cometas como turistas
Enfeitiçar turistas como serpentes
Colher serpentes como amêndoas
Descascar uma amêndoa como um atleta
Abater atletas como ciprestes
Acender ciprestes como faróis
Aninhar faróis como cotovias
Exalar cotovias como suspiros
Bordar suspiros como sedas
Derramar sedas como rios
Tremular um rio como uma bandeira
Depenar uma bandeira como um galo
Apagar um galo como um incêndio
Vogar em incêndios como em oceanos
Ceifar oceanos como searas
Repicar searas como sinos
Esquartejar sinos como cordeiros
Desenhar cordeiros como sorrisos
Engarrafar sorrisos como licores
Engastar licores como jóias
Electrizar jóias como crepúsculos
Tripular crepúsculos como navios
Descalçar um navio como um rei
Pendurar reis como auroras
Crucificar auroras como profetas
- Vicente Huidobro
(tradução de Luis Pignateli)
in Natureza Viva, Hiena
[Previsivelmente roubado aqui]
Subscrever:
Mensagens (Atom)