sábado, 8 de fevereiro de 2014

O de "Oh! qu'ils sont chers, les trains manqués/ Où j'ai passé ma vie à faillir m'embarquer!..." (III)


ARRIVAL HOME


What kind of land is this 
which is like nowhere
especially in the late night grottoes
of lonely train stations.
Much too light. Much too much
rain.
Have you ever noticed
how they step from the train
disappointed at arrival:
Again nothing but cold and wet
and darkness and smoke.
Again nothing. Again a dream
failed.
Already they're stumbling off
over their own shadows
no Penelope waits for them
in the Hades of their final home.


Günter Kunert
[Trad. Agnes Stein]


*


RECEBER UM POETA CHINÊS


Fazes parte da delegação enviada para receber o poeta. Na estação de comboios, de pé à sombra, viras-te para norte em direcção à luz. É um dia tranquilo, desses repletos de uma solidão continental. Ao teu lado sobre a plataforma há anões, silenciosos e imóveis. Estás prestes a comentar esse facto, quando o comboio chega, as suas portas abrindo-se num suspiro. O poeta modestamente vestido desce, com o rosto de um homem que foi libertado da prisão apenas para não encontrar ninguém à sua espera na entrada.


John Mateer
[in Telhados de Vidro n.º18, trad. Inês Dias,
Lisboa: Averno, 2013]

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