NOSTALGIA III DO ESPAÇO LIVRE
Era setembro era o sol ao longo do rio sem pressas
arrumado o calor na garagem dos eléctricos então
dispúnhamos das tardes para conversas súbitas
e longas de falar acetinadas o trato negligente
en ville dizíamos quando vier novembro
teremos mel e torradas de pão centeio caseiro
Éramos os rapazes os pensamentos as pontas escuras
do corpo que brilhavam na contraluz verde
das raparigas desembarcadas posto o sol já
noite A travessia curta no barco da Afurada
terminava numa impaciência e subíamos para o 18
com fome direcção Carmo
Carlos Leite, O Desflashar dos Espaços,
Lisboa, Black Sun, 1987
[ID, Lisboa, 'Bom Ano Novo', 014]
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