O trabalho é um dom. O mais das vezes representa uma pena, pois não há nenhum mérito em trabalhar se o trabalho tiver como finalidade servir uma cadeia de lucro. O trabalho, em si mesmo, degrada; não aperfeiçoa o homem. É uma abjecção presumida e um estorvo para a paz. No entanto, o trabalho é um dom. Quando constitui uma glória recatada, uma ciência paciente; quando não significa humilhação, mas sim identidade.
Agustina Bessa-Luís, Crónica da Manhã,
Lisboa, Guimarães Editores, 2015