Diário de um Barnabé...
sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
C de Coração arquivista (III)
CABEÇA, CORAÇÃO
O coração chora.
A cabeça tenta ajudar o coração.
A cabeça diz ao coração como são as coisas, outra vez:
Vais perder quem amas. Todos se irão. Até a Terra se irá, algum dia.
O coração sente-se melhor, então.
Mas as palavras de cabeça não duram muito nos ouvidos do coração.
É tudo muito novo para o coração.
Eu quero-os de volta, diz o coração.
A cabeça é tudo o que o coração tem.
Ajuda, cabeça. Ajuda o coração.
in Contos Completos, trad. Manuel Resende, Lisboa: Relógio D'Água, 2012
domingo, 19 de janeiro de 2020
M de "Me, Myself and I" (II)
Hans Holbein the Younger, 'A lady with a squirrel and a starling', 1526-28
[National Gallery, London]
[...]
- E as aves morrem para nós, os luminosos cálices
das núvens florescem, a resina tinge
a estrela, o aroma distancia o barro vermelho da manhã.
E estás em mim como a flor na ideia
e o livro no espaço triste.
[...]
Herberto Helder, O Amor em Visita,
Lisboa: Contraponto, 1958
Frida Khalo
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
C de Cicatriz (XI)
"[...]
devo sentir nostalgia? de quantas cicatrizes precisa a nostalgia?"
Pablo García Casado
[Fevereiro 013]
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
O de Outono (XI)
NÃO ME MOSTRES NENHUM NORTE
Não me mostres nenhum norte
nem estradas para lá:
são tudo embustes.
Mostra-me antes pedras, folhas mortas
de Outono atapetando o chão das matas,
voos de libelinhas rasando o sol poente,
cândidas risadas infantis.
Quero eu dizer: mostra-me coisas
daquelas que se corrompem sem pressa.
A. M. Pires Cabral, Cobra-d'água,
Lisboa: Cotovia, 2011
Origami de Outono
Libellés :
"I'm building a still to slow down the time"
domingo, 5 de janeiro de 2020
F de "(Une) Famille d'Arbres" (VI)
E LUCEVAN LE STELLE
Para o meu avô,
os verdes na banca eram o real,
sem regresso ou poesia,
e a expansão acabara de novo
ali, no Cais da Ribeira,
quando a amada partira,
levando-lhe no nome a liberdade.A tristeza tinha horas tão marcadas
que lhe tingiam os dedos,
portões que só se abriam
para as estrelas sempre acordadas
da mesma música: e nunca amei tanto
a vida, chorava em repetição.
Enquanto a felicidade boiava na praia,
à distância de um dia de verão
e de uma corda segura
por quem não sabia sequer nadar.
Inês Dias, In Situ,
Lisboa: Língua Morta, 2012
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
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